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Análise

Sem política nacional, ouro continuará sendo garimpo

Esporte de alto rendimento só faz sentido se parte de um esporte massificado, universal

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR DE “ESPORTE”

Vale a pena gastar milhões para ganhar uma medalha olímpica? Vale a pena torrar bilhões para organizar uma Olimpíada? Vale investir em esportes que ninguém entende, que só afundam a audiência de quem transmite? Em sedes, quadras, centros de treinamento, ônibus, metrô, fibra ótica, aeroporto? Por duas semanas de propaganda?

Londres respondeu a essas perguntas, toda Olimpíada responde. Umas com fantasias, farsas e contas a pagar. Outras com números, pesquisas. "Guardian", manchete de sábado: a maioria dos britânicos acha que valeu gastar 9 bilhões de libras, R$ 30 bilhões, com a Olimpíada. O próprio diário lembra que o melhor desempenho dos anfitriões em um século ajudou.

Basta então ir bem no quadro de medalhas que a conta não parece tão salgada? Pode ser, mas, para isso, é preciso de uma política nacional, abrangente, específica para o esporte. Coisa de país sério.

Política esportiva diz quanto e como o presidente do comitê olímpico pode gastar, quantas horas de educação física seu filho vai ter por semana na escola e quantos km de ciclovia sua cidade tem que ter por lei. Porque esporte de alto rendimento só faz sentido se parte de um esporte massificado, universal.

Um atleta de ponta não é criado. É treinado, aprimorado, mas, antes de tudo, precisa ser achado. Para que essa procura não seja um inglório exercício de sorte, como acontece no Brasil, o acesso ao esporte tem que acontecer na escola, em qualquer lugar.

Nadia Comaneci foi descoberta pulando num trepa-trepa. Daiane dos Santos também. A genética já é rara. Trepa-trepa não precisa ser.

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