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Juca Kfouri

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Medalhas olímpicas

O VÔLEI brasileiro de ouro e prata proporcionou a este iludido jornalista três instantes inesquecíveis, todos eles nos bastidores do ginásio de Earls Court.

A ilusão ficou por conta da traição cometida pela intuição, que até os primeiros 28 segundos de jogo em Wembley garantia o ouro para o futebol masculino do Brasil, cuja prata virou lata, menos porque perdeu, mais pelo jeito de como perdeu, impotente, sem arte nem coração.

Ilusão, também, causada pela esperança de ver o basquete masculino brasileiro no pódio, embora tenha sido mais que satisfatória a participação da seleção.

Se o desempenho do handebol feminino surpreendeu muito positivamente, e as atuações individuais de Fabiana Murer, Maurren Maggi e Cesar Cielo (este ainda insistentemente acossado pelo gigante Alexander Popov graças ao seu caso de doping, indelével) foram decepcionantes, restou ao vôlei de quadra, e não ao de praia, novamente ser responsável por nossas maiores e melhores emoções.

As do país do vôlei e as pessoais.

Conto-as, modestamente.

Como uma medalha de bronze, recebi o gesto do ouro, prata e prata Giba, que, ao me ver entrar na sala das entrevistas coletivas, levantou-se da mesa onde aguardava pelas perguntas para me dar um abraço tão caloroso como inesperado. Seu time acabara de despachar a Itália nas semifinais.

A medalha de prata veio do tricampeão de ouro José Roberto Guimarães, que, na zona mista, pediu licença aos meus colegas que também o aguardavam e, provavelmente por alguma superstição nascida ainda em Barcelona-1992, quando testemunhei seu primeiro ouro, o primeiro, aliás, do esporte coletivo brasileiro, disse que precisava me abraçar, o que fez apertadamente.

O jogo seguinte foi o da esmagadora vitória sobre os EUA, que quase desisti de ver porque, voltando de Wembley, assisti pela BBC aquele primeiro set aterrorizante e pensei em ir para o hotel. Aí, o compromisso que eu havia firmado comigo mesmo em nome da possível superstição de Zé Roberto, felizmente, me levou até a quadra.

A medalha de ouro veio de Carlos Nuzman, fartamente responsável pela invenção do vôlei nacional -e só. Na mesma zona mista, ao ver a repórter Mariana Bastos, desta Folha, aproximou-se para cumprimentá-la, mas, quando percebeu que eu conversava com ela, virou as costas e saiu, do mesmo modo que sempre fugiu de debates quando soube de minha presença.

Mas para que a rara leitora e o raro leitor se deem conta de como tudo é relativo, para o repórter Jamil Chade, de "O Estado de S. Paulo", medalha de ouro mesmo recebi da bela Paula Pequeno, de quem ganhei um beijo após a premiação...

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