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Armstrong é banido, e ciclismo continua sina

DOPING
Americano tem títulos cassados e aumenta lista de campeões da Volta da França punidos por trapacear

Jose Jordan/France Presse
Alberto Contador se prepara para etapa da Volta da Espanha, ontem. Ele elogiou Armstrong, de quem foi companheiro de equipe. "Ele era inteligente e tinha muito vigor físico", disse
Alberto Contador se prepara para etapa da Volta da Espanha, ontem. Ele elogiou Armstrong, de quem foi companheiro de equipe. "Ele era inteligente e tinha muito vigor físico", disse

DE SÃO PAULO

O ciclista americano Lance Armstrong, 40, desistiu de se defender das acusações de se dopar para competir.

Vai aumentar assim o descrédito de um dos mais populares esportes do planeta, especialmente na Europa.

Ao abrir mão da defesa, o que era talvez o maior ciclista da história foi banido do esporte pela agência antidoping americana, que o acusava de usar doping.

Todas as suas vitórias desde 1998 foram cassadas. Resta agora à federação internacional de ciclismo ratificar a decisão, o que deve ocorrer nas próximas semanas.

Com o caso Armstrong, o ciclismo aumenta a lista de campeões defenestrados pelo uso de drogas justamente em seu principal evento.

Dos nove últimos vencedores da Volta da França, a centenária prova que corta o país durante três semanas no verão europeu, seis foram flagrados ou admitiram, depois de aposentados, o uso de substâncias proibidas.

São histórias até com final trágico, como a do italiano Marco Pantani, que ganhou a competição em 1998.

No ano seguinte, ele foi pego em exame antidoping. Começou então sua decadência esportiva. Em 2004, afastado da família e dos amigos, foi encontrado morto, aos 34 anos, em um quarto de hotel após overdose de cocaína.

Antes de Armstrong, sete vezes vencedor do tour, o caso mais notório de campeão do ciclismo flagrado dopado era o do espanhol Alberto Contador, que, no entanto, só perdeu um de seus três títulos na prova francesa.

Ele se defendeu dizendo que foi contaminado por comer um bife, apesar do índice altíssimo da droga encontrado no seu corpo, e voltou a competir recentemente.

Pior para a já frágil credibilidade do ciclismo é que cassar títulos conquistados há mais de dez anos não significa resolver o problema.

Em alguns casos, quem herdaria o título também já teve problemas com doping.

Em três dos sete títulos conquistados por Armstrong na França, o vice-campeão foi o alemão Jan Ullrich, vencedor da edição de 1997.

Mas ele também foi pego no doping. Porém seus resultados foram cancelados apenas a partir da temporada 2005, quando o atleta já estava em declínio técnico.

O ciclismo tem um leque bastante grande de drogas usadas pelos atletas para melhorar o rendimento, com uma renovação bastante rápida a partir do momento em que elas ficam mais fáceis de serem detectadas nos exames durante as provas.

O esporte, especialmente em disputas como as voltas da Espanha, da França e da Itália, tem uma exigência física enorme. São etapas diárias em que muitas vezes a distância supera os 200 km.

E muitas etapas são disputadas em montanhas, com escaladas de vários quilômetros e amplas variações climáticas -em um mesma etapa, a temperatura pode ser de um dígito para depois se aproximar dos 30º C.

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