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Juca Kfouri

Eterno apito

Nada mudará de fato na arbitragem enquanto for um departamento das federações de futebol

O ITALIANO LAMPEDUSA mais uma vez inspira o futebol brasileiro.

O escritor que jamais, ao que se saiba, apitou um jogo de futebol, ilumina a troca de comando no departamento de árbitros da CBF.

"Tudo precisa mudar para tudo ficar como está" é o sentido da saída de um comandante que fica na área com o mesmo salário e a promoção do coronel ex-ouvidor.

Nestes tempos em que se discute a necessária profissionalização da arbitragem, a dedicação exclusiva para minimizar os erros que hoje têm consequências econômicas graves, o treinamento permanente para aguçar reflexos, é preciso lembrar de duas outras providências sem as quais tudo permanecerá inalterado.

A segunda delas é menos importante, mas essencial: o auxílio da eletrônica, como se faz no basquete, no tênis -e nem cabe alongar ou entrar na discussão bizantina sobre a necessidade da polêmica, que o erro faz a graça, pois o erro engraçado é só aquele que nos favorece.

A primeira mexida influencia todas as demais e sem ela qualquer outra será apenas paliativa: tornar independente das federações, e da confederação, o departamento de árbitros, livrando os que têm a responsabilidade de decidir em campo do jogo político da cartolagem.

É sabido, e aqui repetido à exaustão, que as duas maneiras de se exercer com mais eficácia o poder no mundo do futebol é ter sob controle o apito e a Justiça esportiva.

Nada indica que um dia os cartolas abram mão dessa prerrogativa, razão pela qual, no máximo, mudam as moscas. Profissionalizar sem independência até agrava a relação com os que mandam.

Uma ruptura dessas provavelmente necessitaria da criação, outra ideia antiga, de uma agência reguladora do esporte que, com a colaboração das faculdades de esporte e educação física, poderia oxigenar e dar credibilidade aos apitadores e seus auxiliares.

Fora disso, entra um sai outro -ou entra um e o outro permanece porque, enfim, arquivo vivo que era fonte rica sobre os arreglos da arbitragem paulista em tempos de Farah e Nero- e tudo fica como está.

CONVOCAÇÃO

Arouca e Paulinho podem dar ao meio-campo da seleção brasileira a qualidade de saída de bola, e de chegada na frente, que tem faltado.

E é compreensível a convocação de Cássio. Pelo momento que vive, pelo respeito que impõe e pela estrela que tem, embora Diego Cavalieri pareça em fase melhor, até por ser mais acionado que o corintiano.

O problema está naquilo que Mano Menezes não tem dado bola: terem ele e o goleiro o mesmo empresário. Cássio, claro, não pode ser prejudicado por isso, como é óbvio que o técnico, articulado como é, deveria levar em consideração o respeito à mulher de César. Aquela, você sabe, a quem não basta ser, tem também de parecer honesta.

blogdojuca@uol.com.br

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