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Pelé gol 500

Há 50 anos, em partida contra o São Paulo, o rei do futebol atingiu a marca que, na época, poucos notaram

MILTON PAZZI JR.
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Faz 50 anos hoje que Pelé registrou uma marca embaçada pelo tempo e por seus outros feitos: o 500º gol.

O jogo valia pelo returno do Campeonato Paulista de 1962. Santos e São Paulo empataram em 3 a 3, em uma Vila Belmiro mais modesta que a atual e que recebeu 15 mil pessoas numa tarde de calor.

Nos jornais da época, o feito passou despercebido. A Folha, no dia seguinte, informava: "Foi corintiana a 16ª rodada do campeonato". Prevaleceu o fato de o Corinthians ter diminuído a diferença na classificação de menos pontos perdidos (sistema em vigor na época), o que, porém, não impediu que o Santos conquistasse o título.

Pelé, que tinha apenas 21 anos e estava somente na sua sétima temporada, ainda se recorda de que seus companheiros de time já cobravam o gol de número 500.

"Jogar contra time grande a gente nunca esquece. Meus companheiros de time, Pepe, Zito, Coutinho, me provocavam: 'Tem que fazer o gol 500'", lembra o ex-jogador.

Em campo, Pelé estava com a camisa 10 de sempre, em um uniforme listrado. O São Paulo jogou de branco. Época das camisas de algodão e de calções e meias amarrados com cordão para não cair (não tinham elástico). O gramado, irregular e inexistente nas áreas, era seco e duro, assim como as chuteiras, de travas com pregos.

"Nessa época, era o alçapão da Vila, lá ninguém ganhava. Sempre caíam", disse Pelé sobre a dificuldade de bater o Santos em casa.

"Não tenho certeza, mas saímos da concentração na chácara Nicolau Moran, ao lado da represa Billings, direto para a Vila [pouco mais de uma hora de viagem, descendo a serra do Mar pela rodovia Anchieta]."

'AQUI NÃO'

O jogo teve três pênaltis, convertidos nos três primeiros gols: Dias marcou o primeiro para São Paulo. Pelé empatou, e Dias fez 2 a 1, com 22 minutos de partida.

"No São Paulo, tinha o Bellini [zagueiro e capitão na Copa-1958], que era meu amigo na seleção brasileira, e o [Roberto] Dias, que era meu marcador. Na hora do jogo diziam: 'Em cima da gente não, crioulo'", relembra Pelé.

Mas, aos 31 minutos, em um ataque rápido, Coutinho avançou e tocou para Pelé, que chutou da meia-lua, forte com curva, no canto direito do goleiro Suli (gaúcho, veterinário e que defendeu o time tricolor por cinco anos). Ele saltou, mas não evitou o 2 a 2. Dorval virou para o Santos, mas Sabino, no segundo tempo, garantiu o empate.

No dia 2 de setembro de 1962, Pelé ainda "nem sonhava com o milésimo gol", entretanto, ali, em um jogo que mereceu pouco destaque nas páginas esportivas, desenhava-se um mito que, no decorrer da carreira, somou 1.281 gols em 1.375 jogos.

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