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Dia de pipoqueiro

Brasil sofre para ganhar da frágil África do Sul, e Morumbi, quase cheio, não perdoa Mano e Neymar

LUCAS REIS
MARTÍN FERNANDEZ
DE SÃO PAULO

Brasil 1

Hulk, aos 29min do 2º tempo

África do Sul 0

A seleção e seu principal jogador ofereceram incontáveis motivos para serem vaiados ontem, na vitória sobre a África do Sul por 1 a 0, em amistoso, no Morumbi.

O gol de Hulk, no segundo tempo, só evitou o que seria um vexame histórico do time da CBF, mas não apagou a péssima impressão deixada ao longo de toda a partida.

O amistoso entre Brasil e África do Sul pode ser narrado mais pelas reações das arquibancadas do que pelo que se produziu em campo.

E a torcida teve paciência. Apoiou o time de Mano Menezes nos poucos momentos em que o time mereceu. E esperou os primeiros erros para expressar sua frustração.

As primeiras vaias apareceram aos 22min, embora

Leandro Damião já tivesse sofrido antes -houve quem gritasse "Luis Fabiano" quando a bola chegava ao camisa 9 nos minutos iniciais.

O volume dos apupos foi aumentando conforme o time irritava a torcida. Chegou a haver "olé" para o tímido toque de bola sul-africano.

E até Neymar, o líder da seleção na busca pelo hexa, no Mundial do Brasil, sentiu em casa a ira que se acostumou a receber na Europa devido à fama de "mergulhador".

Foi chamado de pipoqueiro a cada vez que caía e não sofreu nenhuma falta. Diante da cidade que vai abrir o Mundial, ele foi o jogador que mais perdeu bolas (11, segundo o Datafolha), arriscou três chutes e errou todos.

Vaiado, Neymar não foi nem um esboço de Neymar.

A seleção se atrapalhou contra a África do Sul, que ocupa o 19º lugar no ranking de seu continente. O time de Mano Menezes foi incapaz, nos primeiros 45 minutos, de fazer um gol numa das piores seleções africanas.

O segundo tempo foi ainda pior. Os 11 de Mano tentavam muito e erravam tudo.

Desorganizada, a equipe falhava em todos os setores -havia espaço nas costas dos laterais, os dois zagueiros foram batidos em alguns lances, a bola não circulava.

O time da CBF errou 50 passes, segundo o Datafolha. Errou 10 das 17 finalizações e 12 dos 18 cruzamentos.

De repente, era a África do Sul que trocava passes de calcanhar na intermediária do Brasil. Era o goleiro Diego Alves quem passava sufoco.

O Morumbi cantava "Adeus, Mano" quando um dos atabalhoados ataques da seleção resultaram no gol de Hulk, aos 29min, que salvou a equipe de um vexame de proporções ainda maiores.

O treinador admitiu que seu time não jogou bem. E acabou acusando o golpe.

"Gostaria que o ambiente no nosso país fosse mais favorável, mas não temos como interferir nisso", declarou.

Mano fez questão de não bater de frente com a torcida. "Não quero travar um embate com o torcedor, seria burrice de minha parte", afirmou. "Queremos deixar claro que entendemos, não temos nenhum tipo de reação forte quanto a isso. Mas incomoda, né? Você sofre."

A seleção viajaria ontem para Pernambuco, onde, na segunda, enfrenta a China, 78º no ranking da Fifa. "Espero que o torcedor de Recife seja mais compreensivo", declarou Mano. "Recentemente, a Espanha, que é uma máquina de jogar futebol, só fez um gol na China aos 39 minutos do segundo tempo."

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