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Sem patrono, Atlético Sorocaba sonha receber seleção na Copa

2014
Mesmo com morte de reverendo, chamariz de verba, clube espera hospedar equipes

Caio Kenji
Hotel usado para concentrar equipe no centro de treinamento do Atlético Sorocaba
Hotel usado para concentrar equipe no centro de treinamento do Atlético Sorocaba

MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO
RAFAEL VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A SOROCABA

A 95 km de São Paulo, há 12 anos, um clube renascia com o projeto de brilhar no interior. Hoje, com o funeral de seu patrono na Coreia do Sul, a mais de 30 mil km de distância, o Atlético Sorocaba espera não ter sido apenas uma estrela cadente.

Fundado em 1991, o clube era desconhecido, tinha dívidas e brilhava no basquete e no vôlei até ser comprado em 2000 pelo norte-coreano

Moon Sun-myung, o reverendo Moon, morto na semana passada aos 92 anos.

Ele fundou a Igreja da Unificação em 1954. A doutrina tem notoriedade por realizar casamentos coletivos.

Autoproclamado e chamado de "messias" pelos 3 milhões de seguidores que tem pelo mundo e de "inspirador" por cartolas, o reverendo deixou um clube sustentado por doações ligadas a sua fundação -vindas de instituições educativas, empresas de comunicação e fábricas de automóveis, a maioria da Ásia.

Em 12 anos, o time sorocabano chegou três vezes à elite paulista, a Série A-1 (em 2004 e 2005 e tem o acesso para 2013). Também construiu um centro de treinamento próprio, com quatro campos, prédio administrativo e hotel de 32 suítes, este inaugurado neste ano.

O projeto nos padrões da Fifa, dentro de uma fazenda de 97 alqueires comprada pelo reverendo, é ousado. A meta é receber seleções durante a Copa do Mundo de 2014.

A ideia original de Moon era hospedar as Coreias, mas, agora, só a do Sul tem chance de classificação. Seleções da África e da Ásia também são esperadas para negociar.

O reverendo pensou em um estádio em Sorocaba para a Copa, mas desistiu quando a Fifa anunciou que as sedes seriam apenas em capitais.

Desde abril de 2000, o Atlético é administrado pela atual diretoria, encabeçada pelo sul-coreano Kim Heung-tae, presidente e homem de confiança de Moon que vem ao Brasil três vezes ao ano. As decisões são tomadas por Mauricio Baldini, vice-presidente-executivo, e Waldir Cipriani, vice de futebol.

"A fundação continua com o clube. Mas já havia o plano de buscarmos independência financeira, o que será possível com a permanência na elite", explica Baldini, membro da igreja desde 1973.

"O reverendo orientava as empresas dele a apoiar o Atlético, mas nunca assinou um cheque, um contrato. Era dinheiro das instituições. Os

filhos e a mulher, tenho certeza, vão continuar nos dando apoio", afirma Cipriani, membro da igreja desde 1976.

O Atlético também fez viagens à Coreia do Sul e à do Norte nos últimos três anos para jogar amistosos.

"Lá, o Atlético só não é mais conhecido que Santos, São Paulo e Inter, por causa dos Mundiais", diz Cipriani.

Em 2011, R$ 3,9 milhões (ou 89% da receita do clube) vieram de doações ligadas a Moon. O reverendo, porém, esteve no clube numa só ocasião, em maio de 2000. E por duas horas. O suficiente para inspirar o clube que tem uma estrela em seu símbolo.

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