Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Vida longa

Média de idade do Brasileiro aumenta e veteranos viram objeto de desejo de equipes atrás de experiência

RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

O Internacional mandou Oscar, 21, camisa 10 da seleção, para a Europa, e de lá trouxe o uruguaio Diego Forlán, melhor jogador da última Copa do Mundo e 12 anos mais velho que o meia.

O Botafogo entregou a tarefa de organizar seu meio de campo ao holandês Clarence Seedorf, 36. O camisa 10 do Grêmio tem ainda mais tempo de vida: Zé Roberto, 38.

Algumas das principais transferências do país neste ano mostram: o futebol brasileiro está envelhecendo a passos largos e rápidos.

Da primeira edição da Série A em pontos corridos -disputada em 2003- até hoje, a média de idade dos times titulares do campeonato subiu de 25,9 para 27,8 anos.

O Brasileiro, até pouco tempo atrás reconhecido como campeonato de jovens em busca de espaço, já é quase tão velho quanto o Italiano, a liga de maior idade média entre as maiores da Europa.

Isso se dá no momento em que os torneios do continente, inspirados em receitas de sucesso de quem investiu na base, como o Barcelona, e sob efeito da crise, rejuvenescem.

O Borussia Dortmund foi bicampeão alemão na temporada passada com um time com média de idade de 24,5 anos, menor que a de qualquer equipe da elite nacional.

"Hoje pagamos salários quase tão altos quanto a Europa. O jovem ainda sai do Brasil atrás de prestígio e metas pessoais. Mas, se antes fazia o último contrato na Arábia ou na China, agora faz no Brasil", disse o advogado Marcos Motta, especialista em transferências internacionais.

Seedorf e Forlán tinham ofertas de outros mercados quando decidiram deixar Milan e Inter, respectivamente. Optaram pelo país por uma junção de dinheiro e vida pessoal -o botafoguense é casado com uma brasileira, e o colorado queria ficar perto da família no Uruguai.

Mas não é só o fortalecimento financeiro que explica os mais de cem jogadores na casa dos 30 anos inscritos no Brasileiro. Há também um desejo crescente dos clubes em contar com veteranos.

"A vivência deles ajuda a passar tranquilidade para os mais jovens. E, taticamente, são bem diferentes. Leitura de jogo e inteligência você só ganha com tempo", disse Edu Gaspar, gerente de futebol do Corinthians, campeão da Libertadores com seis trintões.

O alongamento da carreira de tantos jogadores, no entanto, só foi possível graças à evolução tecnológica de áreas como a medicina esportiva e a fisiologia.

"Graças aos suplementos nutricionais e à fisiologia do exercício, o desgaste progressivo do atleta diminuiu. Hoje, não existe mais aquela barreira dos 30 anos. Ela já está chegando aos 35", disse o fisiologista Turíbio Leite de Barros, da Universidade Federal de São Paulo.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.