Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Juca Kfouri

Abismo verde

Deu tudo errado para o Palmeiras. E nada indica que daqui para a frente será diferente

A SÉRIE B cresce assustadoramente no horizonte do Palmeiras.

A derrota para o Corinthians foi daquelas típicas de time que vai cair. Com o jogo equilibrado e até melhor que o rival, diante de mais de 20 mil alviverdes que apoiavam o time sem restrições, um zagueiro desatento tenta sair jogando na marca do pênalti e tem a bola roubada pelo algoz Romarinho, mais uma vez autor de gol no dérbi, o terceiro em seu segundo clássico.

Ao comemorar, batendo no peito e beijando o distintivo, o corintiano não só foi alvo de inúmeros objetos jogados pela torcida, o que pode levar à interdição do Pacaembu para jogos do Palmeiras, como se viu cercado pelo jogadores rivais por causa da perda de cabeça de Luan, que já tinha cartão amarelo e merecia ser expulso. Não há quem produza bem com os nervos à flor da pele desse jeito. Luan não foi expulso ali, mas cinco minutos depois, e sem motivo. Estava montado o cenário para a catástrofe.

Se 11 contra 11 estava complicado, imagine com um a menos.

O desastre veio porque quando a fase está como está, mesmo com um a menos, o time é capaz de criar chances de gol e mandá-las na... trave. Como Henrique, no minuto final do primeiro tempo. Empatasse o jogo ali, o time talvez obtivesse condições para fazer um outro segundo tempo, explorando os contra-ataques, porque o Corinthians haveria de partir para cima.

O Palmeiras voltou a ser melhor depois do segundo gol corintiano, quando o Corinthians parecia não dar muita atenção ao que o adversário poderia fazer, tão impotente parecia o time de Valdivia, que até jogou bem. Mas é assim mesmo. À beira do abismo, a bola bate no braço do zagueiro rival na área, e o árbitro observa como bola no braço. Em fase boa, é braço na bola.

E pênalti. Quando está tudo azul, o árbitro acompanha o lance, vê o gol e aponta para o meio de campo, sem consultar o auxiliar. A um passo do buraco, ele consulta.

E anula o gol.

Não é preciso explicar os dois exemplos à luz do dérbi de ontem.

E, assim, o alvinegro devolveu as duas derrotas que sofreu para o alviverde em 2007, quando quem caiu foi o Corinthians.

Há quem imagine o Palmeiras repetindo a saga heroica do Fluminense, três anos atrás, quando em plena areia movediça o time se salvou puxando os próprios cabelos -contrariando as leis de Newton, mas segundo as de Cuca. E de Fred, dois personagens que o Palmeiras não tem e não tem como ter. Nem Pep Guardiola daria jeito, mesmo porque não conhece o futebol brasileiro.

E quando alguém, como Jorginho, diz não ao Palmeiras para ficar no Bahia -apesar de saber que sua lealdade ao tricolor não será correspondida em caso de derrotas seguidas, como Paulo Roberto Falcão testemunhou-, é porque, de fato, o abismo está aí mesmo.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.