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A cara da crise

Após virar alvo principal da torcida, Frizzo deve deixar futebol do Palmeiras

MARCEL RIZZO
DE SÃO PAULO

Ele não é o presidente do Palmeiras, mas se tornou o homem símbolo da crise pela qual passa o clube.

O advogado e empresário Roberto Vicente Frizzo se tornou o principal alvo da ira dos torcedores palmeirenses, revoltados com a crítica situação do time no Brasileiro -está em 19º lugar, com 20 pontos, oito atrás do Flamengo, a primeira equipe fora da zona de rebaixamento.

No Pacaembu, Frizzo foi xingado durante a derrota por 2 a 0 para o rival Corinthians anteontem. Quase foi agredido em duas ocasiões, antes e depois da partida.

A primeira delas foi ainda no estádio, quando membros de torcida organizada tentaram invadir o camarote onde estava o dirigente.

Na outra, após a partida, ele foi o alvo de homens que invadiram e depredaram seu restaurante, o Frevo, na rua Oscar Freire (em área nobre de São Paulo), onde jantava com Arnaldo Tirone.

No início da tarde de ontem, Frizzo atendeu a Folha, mas não quis falar. "Respeite este momento de sofrimento", disse. Pela manhã, já havia deixado de ir a um congresso que estava sendo realizado em prédio anexo ao futuro estádio do Palmeiras.

O presidente Arnaldo Tirone também não compareceu, e o clube anfitrião foi representado por Edvaldo Frasson, outro dos quatro vices.

Frizzo teme agressões contra ele e sua família, mas também sabe que terá de abandonar o futebol palmeirense.

Desde janeiro de 2011, quando ganhou o comando do futebol do clube como compensação por ter desistido da candidatura à presidência, Frizzo vem acumulando atritos.

Além de principal opositor do ex-técnico Luiz Felipe Scolari, ele também bateu boca com torcedores e conselheiros e esnobou jogadores -fez piada sobre o atacante Barcos antes de o argentino ser contratado pelo time. Seu poder dentro do clube, por outro lado, estava esvaziado.

Decisões importantes, como aquelas referentes a contratações de jogadores, já não passavam pela mesa de Frizzo havia mais de seis meses.

Desde sexta-feira, um dia após Scolari deixar o time, Arnaldo Tirone já sinalizava com uma faxina no departamento. O afastamento de Frizzo é dado como certo.

"Tirone usou por um bom tempo o Felipão e o Frizzo como escudos. Por isso os torcedores associam o fracasso mais ao Frizzo que ao presidente", disse um diretor que trabalha diretamente com Tirone e pediu anonimato.

As saídas de Scolari, do auxiliar Flávio Murtosa e do coordenador Galeano foram o início das mudanças no futebol palmeirense.

Assim que o novo técnico assumir -ainda não há nome ou data definidos-, também devem sair o preparador de goleiros Carlos Pracidelli, o preparador físico Anselmo Sbragia e outros membros da comissão técnica.

No cargo político de Frizzo deve ser colocada alguma pessoa ligada a Affonso Della Monica, ex-presidente. Tirone pensa no apoio que precisará para se reeleger em 2013.

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