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Governo contrata empresa de ex-coordenador da Copa

2014
Diretor da KPMG Consultoria coordenou, até 2011, ações para Mundial

CATIA SEABRA
FILIPE COUTINHO
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA

O Ministério da Justiça contratou, sem licitação, uma empresa de consultoria cujo diretor participou, até dezembro último, de ações do governo para a Copa de 2014.

A KPMG Consultoria receberá quase R$ 10 milhões para fazer um diagnóstico das necessidades de segurança das 12 sedes do Mundial e para auxiliar o governo federal a realizar a futura licitação dos chamados Centros Integrados de Comando e Controle, estruturas físicas que reunirão policiais para fazer a segurança do evento.

Um dos diretores da consultoria KPMG é Alcino Reis Rocha, que até 30 de dezembro do ano passado era funcionário do Ministério do Esporte e coordenava o Gecopa, grupo criado pelo governo para organizar os preparativos para o Mundial.

Rocha, que deveria cumprir quarentena de quatro meses antes ir para a iniciativa privada, começou a fazer a intermediação da KPMG com o governo em 25 de abril, cinco dias antes do encerramento de sua quarentena.

Como coordenador no Ministério do Esporte, Rocha acompanhava os trabalhos do Ministério da Justiça, que também integrava o grupo e que agora contratou a empresa na qual ele é diretor da área de grandes eventos.

Na negociação com o governo para o Mundial, Rocha se apresenta como um dos diretores do projeto e, como experiência, vale-se dos tempos de coordenador do Gecopa.

Foi para Rocha, por exemplo, que o Ministério da Justiça pediu uma proposta da KPMG para prestar consultoria sobre o Mundial.

Também foi ele, que, em ofício ao ministério no mês passado, pediu cópia integral do processo de contratação da empresa.

A KPMG admite que o contratou em razão da experiência no governo, mas diz que a contratação foi técnica e ressalta a experiência nos Jogos de Londres neste ano.

Embora não tenha ocorrido licitação, a pasta afirma que levantou preços no mercado e que a KPMG, em um primeiro momento, perdeu a disputa para a FGV, que ofereceu o mesmo serviço por R$ 9,9 milhões -contra os R$ 13 milhões da consultoria na qual Rocha é diretor.

Ao analisar as propostas, porém, o Ministério da Justiça decidiu mudar o projeto após "amadurecimento do conceito de centro de comando e controle". Entre o primeiro projeto e o "amadurecimento", passou-se um mês.

As alterações, "mínimas" segundo o despacho do Ministério da Justiça, foram suficientes para uma nova rodada de preços. A KPMG, então, chegou ao mesmo patamar que a FGV havia oferecido, com R$ 48 mil a menos.

O ministério justificou a contratação da KPMG sem licitação afirmando que a empresa era "a única capaz da plena execução do objeto pretendido, uma vez que atende integralmente as exigências do projeto básico".

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