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Rodrigo Bueno

Nova linha do Equador

Mesmo sem a temida LDU, futebol equatoriano coloca quatro times na vitrine da loja

ANTES QUE alguém elogie o futebol do Equador, quero dizer que já fiz isso numa coluna, em dezembro do ano passado, sobre a LDU, um modelo de sucesso recente na América.

Só que chegamos a um ponto em que até a LDU de Loja é destaque! Quatro clubes equatorianos estão nas oitavas de final da Copa Sul-Americana (25% dos envolvidos na reta final da disputa). Há quatro brasileiros e três argentinos por força do regulamento, e todas as outras nacionalidades (exceção feita aos equatorianos) já tiveram seus eliminados na competição em confrontos internacionais.

A esquadra do Equador (já ouvi muito sobre esquadras espanhola e argentina no tênis) conseguiu conjuntamente 11 vitórias, quatro empates e só uma derrota na Sul-Americana. Só a LDU de Loja, que participa pela primeira vez em sua história de um torneio internacional oficial, perdeu. Foi na ida para o tradicional Nacional uruguaio, mas "La Garra del Oso" promoveu um Centenariazo que atrasou ainda mais a estreia da maior bandeira do mundo em Montevidéu.

O São Paulo quebra a cabeça para chegar (entre avião, ônibus e talvez outra coisa) até Loja, agora no mapa-múndi da bola, agora a prova maior do desenvolvimento do futebol de seu país. Em 2000 (Olmedo) e em 2004 (Deportivo Cuenca), os primeiros times de fora do eixo Quito-Guayaquil triunfaram nacionalmente no Equador. Agora, sem a multicampeã LDU, a Sul-Americana pode sim contemplar Emelec (16º no ranking da Conmebol), Deportivo Quito (17º), Barcelona (64º) e até a equipe de Loja e do artilheiro brasileiro Fábio Renato (79º) nas quartas de final. Pelas regras da Sul-Americana (que espelham as da Libertadores), times do mesmo país são levados a se enfrentar na semifinal. E não será mais estranho nessa fase um embate de conterrâneos bem em cima da Linha do Equador.

A seleção equatoriana está em 17º lugar no ranking da Fifa, apenas 106 pontos atrás do Brasil. Supera hoje vários países mais badalados, como República Tcheca, México, Suécia, Japão, EUA, Turquia, Coreia do Sul e o Paraguai, lanterninha das eliminatórias. Há poucos dias, empatou com o Uruguai em Montevidéu e tem enorme chance de assumir a liderança do qualificatório sul-americano para o Mundial nas próximas duas rodadas (pega Chile em casa e Venezuela fora).

Em títulos interclubes, o Equador está hoje empatado tecnicamente com o Chile: 1 Libertadores, 1 Sul-Americana, 2 Recopas (se a U superar o Santos amanhã). Tudo por causa da LDU mais famosa. Mas parece que o Equador agora vende tradição internacional até em loja.

Um futebol que só foi se profissionalizar nos anos 50 e que teve Spencer como uma espécie de filho único e bastardo (é lembrado muito mais pelo Peñarol) ainda não possui glamour, mas já esbanja resultados.

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