Lúcio Ribeiro

Maaaaaaaaarcos...

Peço licença de novo para falar do Palmeiras, mesmo sob o risco de ser taxado de "palmeirense", haha (você não está me vendo enquanto escrevo. Os risos são de nervoso...).

É impressionante como um veterano baleado de 36 anos está carregando nas costas a quase centenária história do time outrora conhecido como "do Parque Antarctica", mas por ora desalojado.

Em meio a essa onda de badalação publicitária dos "novos" Neymar e PH Ganso, o Palmeiras deposita nos pés "mágicos" do ancião craque-não-craque Marcos Assunção a esperança para não cair.

Digo "pés", no plural, porque esse novo aspirante a santo verde, um dos mais cristalinos exemplos dessa classe de veteranos que ainda dão muito caldo (Zé Roberto, Seedorf, Deco, Juninho, Ronaldinho), fez grande e improvável cruzamento com pé esquerdo sábado, na "final" Figueirense x Palmeiras, mesmo sendo destríssimo.

Há tempos Marcos Assunção salva como pode o Palmeiras, isso todos sabemos. O último e único título nacional em anos, o da Copa do Brasil, saiu em seu nevrálgico momento de falta cobrada por Assunção, que "por acaso" encontrou um último toque na cabeça do Betinho.

No sábado, fora o cruzamento de pé esquerdo que deu no segundo gol, teve o com o pé direito para o primeiro, a cobrança de falta precisa no ângulo (que o Valdívia estragou) e ainda o raro gol dele com "bola rolando", que decretou a vitória.

Para um jogador que depois de temporada na Espanha viu a carreira definhar e foi parar no Barueri jogando em troca de aluguel, porque ninguém o quis até o Palmeiras ir buscá-lo (por não ter dinheiro para negócios mais vistosos), Marcos Assunção realmente impressiona.

Suas fatais faltas vêm com aplicações de física. Antes de bater na bola, ele cumpre o ritual de abaixar para arrumar a língua da chuteira, deixando-a reta. Ajusta o meião, seca a bola. Segundo ele, qualquer falha nessa preparação contribui para a bola ir fora. Ciência ou religião?

Nessa difícil situação do clube, no olho do furação da demissão de Scolari, o jogador pulou etapas em sua recuperação de cirurgia no joelho (coisa bem pouco recomendável para qualquer idade) e se predispôs a entrar em campo contra o rival Corinthians, há dois domingos. Desabou no gramado com dores, foi substituído à força e na rodada seguinte, sábado agora, estava lá para salvar o time em Florianópolis.

Enquanto convalescia da operação, parou de conversar sobre renovação de contrato. Disse aos dirigentes que não assinaria se não se sentisse fisicamente capaz de vestir novamente a camisa do time.

Que jogador é esse?

Marcos Assunção é forte candidato ao título de São Marcos 2 no Palmeiras. Se o milagre do não-rebaixamento se fizer, podem até anexar este texto ao processo de canonização, que é barbada.