Índice geral Esporte
Esporte
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Sem resistência

Falta de energia em estádio precário, escolhido por influência política, cancela decisão do Superclássico na Argentina

MARTÍN FERNANDEZ
ENVIADO ESPECIAL A RESISTENCIA

As seleções de Brasil e Argentina passaram ontem por um constrangimento inédito.

A segunda e decisiva partida do Superclássico das Américas, que seria realizada ontem à noite, foi suspensa por falta de energia elétrica no estádio Centenário, na cidade de Resistencia.

Os organizadores do jogo informaram que houve problema no transformador de um dos refletores. "Cada vez que falavam com a gente era uma desculpa diferente", disse o diretor de seleções da CBF, Andres Sanchez.

De acordo com o cartola, um novo jogo não será realizado por falta de datas disponíveis. O Brasil havia vencido a primeira partida por 2 a 1, há duas semanas, no Serra Dourada, em Goiânia.

Haverá nos próximos dias uma reunião para definir o campeão. "Ganhamos o primeiro jogo, é natural que o Brasil seja campeão", disse Andres. "O título é o que menos importa", declarou o técnico Mano Menezes.

O regulamento prevê que, em casos assim, um novo jogo seja marcado -pelo menos ontem à noite, a CBF descartava tal possibilidade.

Os locais das duas partidas, tanto no Brasil quanto na Argentina, foram escolhidos por motivos políticos. Mas a sede argentina mostrou ter estrutura insuficiente para abrigar o confronto.

Resistencia foi uma escolha pessoal da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que tem ligação estreita com a cúpula da AFA (Associação de Futebol da Argentina).

Ela é aliada de Jorge Capitanich, governador da província de Chaco, onde está a cidade de Resistencia. Ele também é presidente do Club Atlético Sarmiento, dono do estádio. Chaco é uma das províncias mais pobres da Argentina, e Cristina Kirchner é acusada pela oposição de fazer um governo populista.

A cidade de Resistencia, de cerca de 200 mil habitantes, no norte do país, não tem times na elite do futebol argentino. O Sarmiento está na quarta divisão.

"A AFA tem que pensar melhor na hora de marcar esses jogos, até por uma questão de respeito às pessoas que pagam ingresso", criticou Andres. "É o que dá quando se mistura futebol e política."

Ontem à noite, ocorreram três apagões no local da partida. Os dois primeiros, horas antes do início do jogo. O terceiro e definitivo, depois da execução dos hinos.

Havia alguma iluminação no estádio -só parte dos refletores não funcionava. O sistema de som insistia para que os torcedores não fossem embora. "No se suspende", insistia em repetir a voz oficial do estádio Centenário.

Após várias reuniões entre a arbitragem e os jogadores, decidiu-se esperar até 23h05 -horário em que um novo gerador chegaria ao estádio para resolver o problema.

Os goleiros eram os maiores interessados em não jogar na penumbra. "Para eles, ficaria muito difícil", argumentou Mano. "Fico triste, gostaria de colocar o time para jogar", afirmou o treinador.

O técnico, que dirigiu times pelo interior do Rio Grande do Sul e do Paraná, disse "jamais ter vivido" uma situação parecida com a de ontem.

A delegação voltaria ao Brasil na madrugada de hoje. Há rodada cheia do Nacional neste sábado.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.