Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Lúcio Ribeiro

Supertécnicos

Era uma vez um programa de futebol na TV brasileira com grandes técnicos analisando grandes times...

No final dos anos 90 a TV brasileira tinha um programa esportivo chamado "Supertécnico", na época apresentado pelo conhecido radialista-entertainer Milton Neves. Ia ao ar na Rede Bandeirantes nas noites de domingo.

Scolari no auge, Luxemburgo ainda fazendo a diferença, Telê Santana (ainda que já bem debilitado), Carlos Alberto Parreira pós-tetra. Todos expondo suas ideias, falando de seus times e até comentando a rodada (consequentemente, o trabalho dos outros), com palavras de "conhecedores", de "pensadores da bola". O programa durou uns dois anos.

Não dá para imaginar um "Supertécnico", o programa, hoje em dia. A audiência seria pífia. Os velhos técnicos já não são mais os mesmos. Da época, dizem, só os supersalários chegam até hoje.

Dos "supertécnicos" atuais, Felipão está desempregado depois de deixar o Palmeiras à beira do abismo. Luxemburgo anda dizendo que Messi não é melhor jogador do mundo enquanto não enfrentar o Flamengo e, se muito, vai conseguir manter seu Grêmio no G4 (pouco para o seu currículo).

Muricy, mais vitorioso treinador de tempos recentes, quebra a cabeça para deixar o Santos dependendo dele, e não de um jogador. Tite, que foi da vergonha absoluta (Libertadores-2011) à glória suprema (Libertadores-2012), experimenta uma calma pré-Mundial de Clubes e até daria um bom convidado de programa de TV, por causa do momento e de sua "linguabilidade" própria, o titês. Mas aposto que se recusaria a falar da "grandeza" do time dos outros ao comentar a rodada.

O programa, se baseado no Brasileirão atual, não seria boa ideia. O Palmeiras demitiu seu supertécnico e botou um supernovato, que primeiro deu certo, mas logo passou a dar supererrado. Nenhum dos dois colaborariam muito na TV.

O Coritiba demitiu o treinador com maior longevidade do futebol brasileiro e colocou um outro com longevidade de minutos à frente de um time profissional. E deu certo. O tal técnico longevo do Coxa foi para o Vasco, que demitiu um que entrou por acidente, deu certo por um momento e não vingou. Está dando tudo errado.

O São Paulo trouxe um técnico de novatos para seu elenco recheado de "cobras criadas" e caminha a um final feliz. Ou ao menos para um final digno, que também não condiz com seu passado recente.

E, já que o torneio tem que ter um campeão, esse salvo desastre será o Fluminense de Abel Braga, técnico muito contestado não tem um ano e que até hoje não goza de uma unanimidade nas arquibancadas tricolores, "acusado" de ter um time em que o goleiro segura tudo, o atacante garante lá na frente e o resto, graças a um ou outro destaque individual, resolve do jeito que dá.

Tem Mano e a seleção, Cuca, Leão, Dorival Jr., Adilson, Renato Gaúcho, agora o Fernandão, mas com eles o "Supertécnico 2012" estaria comprometido, julgo.

Bom, vamos ter que continuar mais um tempo sem um programa de futebol analisado por "professores". A não ser que o programa seja em espanhol, com Bianchi, Sampaoli, Bielsa, Guardiola e, por que não, Mourinho e seu portunhol...

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.