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Filho de cartola vai fornecer assentos no PR

2014
Empresa de filho do presidente do Atlético-PR ganhará R$ 12 milhões com Arena da Baixada

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA

Uma empresa do filho do presidente do Atlético-PR irá fornecer por R$ 12 milhões os 43 mil assentos da Arena da Baixada, estádio do clube e uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, em Curitiba.

A Kango Brasil, de Mario Celso Keinert Petraglia, ofereceu valor maior do que os de alguns dos outros sete concorrentes, mas ainda assim foi escolhida, segundo o Atlético-PR, por "critérios qualitativos e de regionalidade".

Além da Kango, o escritório de arquitetura Carlos Arcos, cujo sócio é primo de Mario Celso Petraglia, presidente do clube, também assinou dois contratos com a obra, no valor total de R$ 4 milhões.

Os contratos foram divulgados no domingo pelo jornal "Gazeta do Povo" e apresentados ontem à imprensa pelo advogado José Campêlo Filho, vice do Conselho Deliberativo do clube.

"Isso é uma ofensa aos princípios da impessoalidade e da moralidade", afirma Campêlo Filho, que, horas depois de dar entrevista sobre o assunto, na última quinta, foi ameaçado de destituição do conselho, via nota oficial.

A reforma da arena, com custo estimado em R$ 184 milhões, é privada. Mas só foi viabilizada graças a um empréstimo do BNDES, contraído pelo governo estadual e repassado ao Atlético-PR, e por uma garantia da Prefeitura de Curitiba, que vendeu títulos de potencial construtivo em favor do clube.

Para Campêlo Filho, o fato de a obra receber financiamento público a enquadra na lei de improbidade administrativa e a deixa sujeita a penalidades pelo nepotismo.

Nenhum representante do clube quis falar com a imprensa ontem.

Mas, em e-mail enviado a Campêlo Filho, a diretoria de suprimentos da obra da Arena da Baixada afirmou que a Kango foi escolhida por questão de "sustentabilidade", já que os assentos são produzidos no Brasil e "privilegiam a mão de obra nacional".

Também declarou que só duas empresas passaram pela avaliação qualitativa dos assentos, mas que a outra firma teria que importar o produto, o que causaria "alta dependência do processo alfandegário" e poderia comprometer o cronograma da obra.

Sobre os contratos com o primo de Petraglia, a diretoria afirmou, em entrevista à "Gazeta do Povo", que eles foram feitos na gestão anterior à do presidente e que o atual mandatário não tem nenhuma participação nas decisões sobre os fornecedores.

No total, cerca de R$ 200 milhões devem ser gastos com assentos para os 12 estádios construídos ou reformados para a Copa de 2014.

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