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Juca Kfouri

Galucho em estado de graça

Em jogo para espanhol nenhum botar defeito, Galo abre o Brasileiro graças a Ronaldinho

TUDO COMEÇA a se encaixar. Kaká está de volta ao futebol depois de um longo e tenebroso inverno e Ronaldinho Galucho recupera seu protagonismo em grande escala.

Na vitória sobre o Fluminense, num clássico simplesmente enlouquecedor para o mundo todo ver de joelhos, Camp Nou e Santiago Bernabeu incluídos, o craque gaúcho mostrou todas as suas armas, com passes decisivos, dois deles que culminaram em dois gols, e com uma cobrança de falta magistral, anulada pelo corajoso apitador baiano que, sem medo do que vão dizer, interpretou como falta o empurrão de Leonardo Silva na barreira tricolor.

Questão da velha falta de critérios porque, contra o Vasco, o Flu fez gol igual e valeu. Mas o apitador, de forte personalidade, e desapego à vida, enfrentou o Independência lotado e em clima de protesto contra as arbitragens, para fazer valer o que viu, mesmo com a bola não passando no buraco aberto pelo zagueiro atleticano.

Que, aliás, mostrou como o futebol é maravilhoso.

Leo Silva deixou também passar por suas pernas o segundo gol carioca e poderia ter saído como vilão do jogo que acabou por dar mais graça ao Brasileirão. Só que foi dele o gol salvador, o que deixou o Galo a seis pontos do Flu, no momento derradeiro do melhor jogo do ano.

Jogo que poderia ter terminado com um placar pornográfico, algo como 8 a 2 para os mineiros, não fossem três bolas nas traves cariocas, quatro senhoras defesas de Diego Cavalieri, além de um gol salvo por Gum na linha da pequena área.

Felizmente a vitória atleticana permitirá que se fale da excelência do jogo e não do apito, assim como será possível falar da exuberante atuação de Vágner Love na vitória do Flamengo sobre o São Paulo, por 1 a 0, e que poderia ter o resultado invertido caso Luis Fabiano convertesse um pênalti inexistente ainda no primeiro tempo. Uai, mas os esquemas não protegem o Flamengo?

Volto a Ronaldinho Galucho. Sim, se Cavalieri merece ser convocado para a seleção, RG ainda não, embora esteja jogando para ser titular dela. Que fique, no entanto, assim, matando um leão por atuação até que a Copa do Mundo se aproxime.

O que ele fez ontem é coisa de antologia, assim como o que fizeram o goleiro tricolor, sem esquecer que Pierre pôs Deco no bolso e que Bernard é outro que faz jus a qualquer chamamento, revelação de 2012.

Está dito lá em cima que tudo começa a se encaixar. Por sorte ou por cálculo, pelo acaso ou por paciência, fato é que só está faltando Paulo Henrique Ganso ficar 100% para termos outra vez uma seleção brasileira digna de suas glórias e que possa olhar com igualdade de condições para as demais.

Porque o jogador brasileiro é assim -atenção, o jogador!

Quando menos se espera, renasce. Como o inesquecível jogo de Belo Horizonte provou.

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