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Após doping, jovem volta e faz sombra a Guilheiro

JUDÔ
Atleta pega 2 anos de gancho, surpreende, e é 14º do ranking mundial

Márcio Lima/Folhapress
Victor Penalber, que foi suspenso por doping e estará no Mundial
Victor Penalber, que foi suspenso por doping e estará no Mundial

EDUARDO OHATA
DE SÃO PAULO

"Não podia estar mais fisicamente nos tatames [das competições], só que, mentalmente, nunca saí deles."

É assim que Victor Penalber, 22, principal destaque da nova geração de judocas brasileiros a não fazer parte da seleção, descreve os dois anos de suspensão após ser flagrado no teste antidoping.

Até por conta do tempo em que ficou fora de atividade, Penalber virou um "desconhecido" no circuito mundial, o que acaba por ajudá-lo a surpreender os rivais.

À época do episódio do doping, em 2008, muitos vaticinaram o fim da carreira do então adolescente -tinha 17 anos. Afinal, argumentavam, impedido de participar de competições e ainda imaturo, perderia a motivação e buscaria outros interesses.

Após um ciclo olímpico, ou quatro anos depois, Penalber representa o Brasil no Mundial por equipes de judô, que acontece entre hoje e amanhã, em Salvador, na Bahia.

Na 14ª posição do ranking da Federação Internacional de Judô, Penalber já faz sombra a Leandro Guilheiro dentro da categoria até 81 quilos.

O carioca está a só 11 colocações de Guilheiro (3º da lista da FIJ) e surpreendeu ao sagrar-se campeão do Grand Slam do Rio e do Grand Prix de Abu Dhabi, mês passado.

"Ter ficado distante dos tatames por dois anos fez com que virasse quase um desconhecido. Claro que com cada [bom] resultado, isso vai mudando", analisou o judoca.

A decisão no torneio carioca trouxe um fator que anima Penalber: superou Travis Stephens, o americano responsável por Guilheiro ter saído de Londres-12 sem medalha.

O judoca explica como conseguiu manter a motivação durante o período em que esteve barrado de competir.

Após ser suspenso, Penalber se tornou um 'voyeur' das lutas. Ao auxiliar na preparação dos amigos para os combates, ele tratava os duelos como se fossem seus.

Fez, ao ajudar os amigos de academia, o exercício de tornar seu o objetivo alheio.

"Quando a competição se aproximava e meus amigos aumentavam a intensidade [dos treinos], eu aumentava também. Estudava os vídeos dos adversários deles como se fosse eu a enfrentá-los."

Momentos de desânimo, apesar de raros, aconteciam. Quando o judoca era flagrado por família e amigos murmurando: "Não vou chegar a lugar algum. Vai demorar para terminar [a suspensão]."

Foi nesse período que o lutador afirma que, à força, passou de garoto para homem.

Família e amigos, os "de verdade", que o apoiaram, não foram esquecidos. Penalber, que reconhece que outros Estados no judô têm estrutura superior, recusou convites de clubes fora do Rio.

"Sou do Rio. Minha família, meus amigos estão lá. É meu sonho representar meu país em casa. Mas é importante começar [o investimento] desde agora", diz.

"Meu pai e minha mãe são como uma empresa que me administra. Meu pai grava vídeos de minhas lutas desde os sete anos, e também é meu olheiro. Minha mãe vê se está tudo certo para as minhas viagens, a minha agenda."

O judoca, cuja irmã, Julia, também luta, há um ano fez a estreia na nova categoria.

Segundo ele, foi o tempo que levou para se adaptar ao peso, o que proporciona uma qualidade de vida superior.

"Respeito o Leandro. Apesar de ele não ter ido tão bem em Londres, isso não apaga suas Olimpíadas [foi medalhista duas vezes], seus mundiais", diz, ao fazer uma pausa. "Mas eu quero essa vaga, e vou brigar muito por ela."

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