Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Juca Kfouri

Por uma nova FIFA

Na onda de limpeza que se promete em Zurique, surge uma candidatura francesa à esquerda

JEROME CHAMPAGNE foi entre 1999 e 2010 diretor de relações internacionais da Fifa.

Francês, passou parte do começo de sua vida em Barcelona, onde seu pai, professor de esportes, dava aulas de vela. Entre 1976 e 1983, trabalhou na revista semanal "France Football" enquanto se formava para ser diplomata do Quai D'Orsay, o que o levou a viver em Omã, Cuba, EUA e Brasil, como terceiro homem da embaixada francesa durante o governo FHC, quando ficou amigo do então ministro Pelé.

Participou da organização da Copa da França e foi levado por Joseph Blatter para a Fifa.

Lá viveu às turras (por denunciar Ricardo Teixeira) com seu xará e conterrâneo Jérôme Valcke, até ter de sair da entidade.

Eleitor do Partido Socialista francês, Champagne trabalha profissionalmente e, em certos casos, por idealismo, pelo desenvolvimento do futebol em países africanos e na Palestina. Casado há mais de duas décadas com uma americana, segundo ele, "judia liberal", e pai de três adolescentes, não é de hoje que Champagne, 53 anos, recebe generosos espaços no que há de melhor na imprensa europeia para propor uma nova e..., menos europeia (!), governança para a Fifa.

Champagne acredita no esforço de Blatter para limpar a Fifa e põe fé no trabalho do advogado americano Michael Garcia, com ótima folha de serviços prestados ao governo dos EUA, nomeado chefe da câmara de investigação da entidade.

Ao lado da óbvia transparência, Champagne propõe um regime presidencialista na Fifa, por identificar no Comitê-Executivo muito mais um balcão de negócios do que um organismo de governança. Vê como excessivo o poder da Europa e acredita que os países periféricos devem deixar de ser meros fornecedores de pé de obra, além de querer limitar o poder dos 20 clubes mais ricos do mundo, todos europeus -proposta arriscada, além de polêmica.

Champagne, no novo quadro que acredita estar por nascer, vê chances reais para uma candidatura como a sua ser bem-sucedida em 2015.

Os nomes hoje em destaque para suceder Blatter são os de outros dois franceses, Michel Platini e Valcke, além do presidente da Real Federação Espanhola, Ángel Maria Villar, ex-jogador da Fúria e do Athletic Bilbao, no poder desde 1988 e famoso pelo péssimo relacionamento com a imprensa, além de pela agressão cometida contra Johan Cruyff, em 1974.

Contra Valcke pesam os casos ISL e Mastercard, e contra Platini, hoje de más relações com Blatter, além do eurocentrismo, o fato de ter posto o filho Laurent para trabalhar para o grupo Qatar Sports Investments, grande comprador de direitos de transmissão, num claro conflito de interesses que escandaliza a imprensa do Velho Continente.

Não há notícia de nenhum cadáver no armário de Champagne.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.