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Juca Kfouri

Justamente ilegal

Entre o prevalecimento do correto esportivamente e a orientação legal, com quem ficar?

O CÚMULO do desespero revela-se nas reclamações quanto ao gol anulado de Barcos, o pirata da cara de pau.

Só faltava, para acabar de desmoralizar a arbitragem deste Brasileirão do impedimento tríplice carpado, a validação do gol do argentino que, em vez de reconhecer a farsa, fingiu indignação.

Pior que ele só o tal Piraci, do jurídico alviverde, falar em anulação do jogo. Baseado em quê? No que jamais se provará?

Quem sabe o pirado causídico não anule a decisão da Copa de 2006, quando também se alegou auxílio externo para expulsar Zidane, autor da cabeçada em Materazzi, tão escandalosa como a cortada de Barcos.

Ora, com um mínimo de espírito ético e esportivo, os responsáveis pelas tradições palmeirenses deveriam se calar diante da insânia que seria a validação do gol.

Que o árbitro vacilou é inegável e sua má consciência foi tal que nem cartão mostrou ao autor da farsa -deveria ter mostrado o amarelo duas vezes, o primeiro pela mão, o segundo pela falsa indignação.

Mas, vá lá, do jogador de sangue quente admite-se as piores vilanias, assim como não se espera equilíbrio do torcedor que aplaude Joaquim Barbosa, mas quer que seu time ganhe com gol de mão, em impedimento depois dos acréscimos.

Ainda mais do torcedor torturado pela pífia direção que Piraci representa.

Daí a mergulhar a instituição nas profundidades do ridículo vai enorme distância, para gozo dos rivais.

Já se disse aqui, e deve ser repetido, o que ensinou o uruguaio, este sim, jurista, Eduardo Couture, em seus Mandamentos do Advogado: "Teu dever é lutar pelo Direito, mas no dia em que encontrares em conflito o direito e a justiça, luta pela Justiça".

Alguma dúvida sobre o que tinha de prevalecer no caso da mão de Barcos?

JUSTO E LEGAL

Por falar em legalidade e justiça, hoje a partir das 19h30, um dos grandes jornalistas do Brasil lança, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, "Marighella, o Guerrilheiro que Incendiou o Mundo", pela Companhia das Letras.

Mário Magalhães, um detalhista obsessivo, desmonta mitos e revela sem maniqueísmo o que foi a vida do baiano e corintiano Carlos Marighella, o guerrilheiro que fazia poema para Mané Garrincha e torcia pela seleção brasileira de seu camarada João Saldanha, que, sabiamente, não optou pelas armas contra a ditadura imposta em 1964.

À altura do biografado, o autor mostra que Marighella, o revolucionário que lutou para implantar a ditadura do proletariado no país e que teria um desgosto profundo se visse ex-comandados seus envolvidos em mensalões, foi fuzilado desarmado, numa operação desastrada.

O líder comunista caiu na ilegalidade para combater outra maior, a que interrompeu o processo democrático, e pagou com a vida por sua sede de justiça.

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