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Juca Kfouri

Em que mãos estamos

Discutir lances polêmicos não pode ser mais importante do que olhar para 2014 e 2016

A MÃO DE BARCOS e suas consequências polarizaram as discussões da semana. Quase como as polêmicas em torno de quem ganhou ou perdeu nas eleições, embora seja risível que se contraponha a vitória de Lula em São Paulo à derrota em Manaus. Mas outras duas obras do ex-presidente não estão recebendo as atenções devidas, pelo menos da parte de quem deveria agir: a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.

Nesta semana, por exemplo, foi revelado em meu blog no UOL, do Grupo Folha, que Ricardo Teixeira, ainda como presidente do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo, e sua filha Joana Havelange se autoajudaram com a bagatela de R$ 1,413 milhão de bônus por seus serviços ao órgão.

Alguém poderá dizer que o COL é um organismo privado e ligado à Fifa e que, portanto, desde que os impostos pessoais tenham sido devidamente recolhidos, ninguém tem nada a ver com isso. Argumento que peca pela simples fato de a entidade ser agraciada com isenção de impostos, forma indireta de se beneficiar de recursos públicos.

Mas a farra poderia se limitar aos benefícios individuais se o financiamento quase integral de tudo que se faz em torno da Copa do Mundo não fosse abastecido pelo dinheiro de todos os brasileiros, seja para os 12 estádios, seja para o que for.

O novo (?) comando do COL, o mesmo da CBF, a tudo vê calado, resignado e, também altamente remunerado, se curva aos contratos em andamento, enquanto se queixa de não ser recebido pela presidente da República. Dilma Rousseff e seus comandados precisam ir além do gesto de não dar a mão aos cartolas cujas mãos conduzem investimentos contabilizados na casa do bilhão. Pouco adianta negar o cumprimento e conceder o cofre.

Tanto o COL como o Co-Rio continuam nas mãos de quem não tem o respeito do país, e não é por acaso que em ambos também os filhos dos comandantes se locupletem - na lista dos bonificados do COL aparece, além da notória filha de Teixeira, uma filha de Carlos Nuzman, presidente do Co-Rio. O compadrio vai além das relações de parentesco, embora influenciado por estas, casos de amigas de Joana, assim como, na CBF, os íntimos de Teixeira do Grupo Águia continuam com a parte do leão, como revelou o repórter Sérgio Rangel nesta Folha.

O Macaco Simão tem com o que se divertir neste cenário digno da casa da mãe Joana entre leões, águias e bichos menos nobres.

A fuga de Teixeira para Boca Raton não pode sepultar o que nasceu torto, assim como a permanência de Nuzman no Brasil não o distingue, basta olhar o que foram os Jogos Pan-Americanos.

Se da Justiça esportiva não se espera nada além da pantomima em torno da mão de Barcos, da Justiça brasileira, e de suas autoridades no Poder Executivo, espera-se mão forte, e sobretudo, limpas.


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