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Juca Kfouri

O campeão forasteiro

O Fluminense conquistou o título de maneira impecável mesmo sem ter uma casa para jogar

MARACANÃ FECHADO, o Fluminense teve que ir atrás da taça como se fosse um turista.

Começou sua impressionante caminhada de melhor campanha da história dos pontos corridos com uma vitória no Pacaembu, sobre o Corinthians.

E a terminou no Prudentão, ao vencer o Palmeiras, de maneira impiedosa, cruel.

Entre a primeira e a 35ª rodadas jogou 20 vezes em seu Estado, 17 em sua cidade, mas jamais em sua casa, o Maraca.

Jogou 15 vezes na do Botafogo, o Engenhão. Mais duas em São Januário. E ainda esteve por três vezes em Volta Redonda.

Cavalieri, Fred, Abelão e companhia mereciam o carinho de sua torcida no Mário Filho, o rubro-negro irmão de Nelson Rodrigues que depois de um dia dizer que morreria para ver o Fluminense jogar no céu saiu de sua tumba para viver o calor imprudente da tarde do tetracampeonato -sim, diferentemente da Taça Brasil, os Robertões equivalem ao Campeonato Brasileiro.

Talvez por isso o Fluminense tenha jogado quase sempre na medida exata, protesto inconsciente por não estar no palco que merecia.

E os poucos mais de 8.000 torcedores que foram ao Prudentão (mais uma prova da incompetência da diretoria verde) foram testemunhas do que é um time que joga no limite de sua necessidade.

Como se sabe que lá nunca tem primeiro tempo, só o segundo, o tricolor tratou de cozinhar o Palmeiras nos 45 minutos iniciais.

Riscos correu dois, numa cabeça contra a própria meta de Fred e outra de Barcos.

Perigo de verdade impôs três: uma cabeçada do mesmo Fred que Bruno salvou e um bola que o artilheiro mandou na trave, antes de, no derradeiro minuto, fazer a primeira maldade, o gol que acabaria por intranquilizar de vez, no intervalo, o angustiado Palmeiras.

Que logo tomou o segundo gol no segundo tempo, de Rafael Sóbis, mal anulado pelas tais arbitragens que o protegeriam, como, que ironia, protegia o Galo contra o Vasco, ao anular mal um gol cruzmaltino e ao dar um pênalti inexistente para os mineiros saírem na frente.

Gol de Sóbis anulado, Maurício Ramos compensou ao marcar contra o 2 a 0, e aí residiu a maior maldade do campeão.

Permitiu ao rival a ilusão do heroismo e cedeu o empate, com direito a milagre de Cavalieri para evitar a virada e novo erro de arbitragem ao não assinalar pênalti em Marcos Júnor.

Quando o impossível pareceu que aconteceria, ainda mais depois que Fred, logo ele, perdeu dois gols feitos, eis que o Flu fez a crueldade final, definitiva, irrecorrível, o terceiro gol quando não dava tempo para mais nada, o jogo do Galo terminado, o Palmeiras física e moralmente esgotado.

Como se não faltasse mais nada para o desastre alviverde neste Brasileirão, até o amuleto que era o Prudentão virou sinônimo de maldição.

Ou de campeão.

Tetracampeão!


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