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Juca Kfouri

Obrigado, Papai Noel

Os presentes foram tantos este ano que só resta agradecer sem pedir mais nada no Natal

PONHA-SE no lugar de um jornalista corintiano que testemunhou os 23 anos de jejum de títulos, sete deles como profissional e, neste ano, viu as conquistas da Libertadores e do bicampeonato mundial de clubes.

Bastaria, pois não?

Pois não bastou.

Ponha-se no lugar de um jornalista corintiano que durante 23 anos denunciou a gestão de Ricardo Teixeira na CBF e, neste ano, o viu renunciar e ir viver na Flórida.

O que mais haveria de querer o felizardo jornalista?

Soube de boa fonte que ele nem sequer se atreveu a pedir ao Papai Noel as conquistas de seu time, por achar que não seria justo com o generoso velhinho -afinal, uma felicidade restrita apenas a uma nação, que excluiria as demais.

Já a queda do cartola foi daquelas que fazem bem a todos, até aos que não dão pelota ao futebol.

É verdade que não resolveu o grave problema estrutural que assola o futebol brasileiro desde sempre, mas, ao menos, mesmo com a troca de seis por meia dúzia, e de dedo duro, expôs ao país a miséria da CBF, por muitos anos, devidamente avalizado pela Justiça, aqui chamada de Casa Bandida do Futebol.

De fato, os presentes foram tantos que seria necessária uma enorme cara de pau ao jornalista em questão se neste Natal acionasse Noel para algo mais.

No máximo, o mesmo!

Já pensou, diga para mim, o bi da Libertadores, o tri Mundial e a queda do Marin? Oras, sonhar não paga imposto, mas o caso aqui não é com a Receita, e sim com a fantasia e a fantasia não tem limites.

Só que o tal jornalista ficaria insuportável, mais do que já está ao dizer por aí que o time dele, além do mais, haverá de eliminar os rivais Palmeiras e São Paulo no torneio continental e vencer simplesmente o Barcelona na final do Mundial, no Marrocos, na romântica Casablanca, testemunha de que o tempo passa e capaz de dizer "play it again, team".

Mais: que impedirá o inédito, no profissionalismo, tetracampeonato paulista do Santos, façanha alcançada só pelo Paulistano em tempos imemoriais. Que será hexacampeão brasileiro porque, todo-poderoso, encerrará a mania de estabelecer prioridades e desprezar o que está mais perto, verdadeira ofensa a Fernando Pessoa.

Devaneios natalinos de quem, na verdade, quer que as festas sejam mesmo felizes para todos que as merecem nestas horas mágicas que trazem de volta os tempos ingênuos de criança que cada um tem dentro de si. Criança que olha para o futebol com os olhos que os adultos deveriam olhar, sem transformar a vontade de vencer em desejo de matar.

Adultos que não devem é perder de vista que o futebol está sendo usado para esconder muitos malfeitos, o que os jornalistas, corintianos ou não, têm obrigação de contar, mesmo que não acreditem em Papai Noel.

Feliz Natal!


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