Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Entrevista Hulk

Pelo Brasil, posição não se discute

ATACANTE DO PORTO COGITA ATUAR EM FUNÇÃO DIFERENTE PARA DEFENDER A SELEÇÃO

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A LIBREVILLE

O paraibano Hulk precisa convencer o técnico Mano Menezes no amistoso contra o Egito, amanhã, em Doha.
Titular da seleção pelo terceiro jogo consecutivo, o jogador de 25 anos ainda não se destacou no time e já admite mudar o estilo de jogar.
Hulk, que deixou o Brasil aos 15 anos para jogar bola, disse que fará de tudo para realizar outro sonho: disputar a Copa do Mundo de 2014.
"Pela seleção, faço tudo. Aqui, não se discute posição", afirmou o jogador, cogitando a possibilidade de atuar improvisado como atacante de área pela seleção. Em Portugal, onde fez fama, o jogador atua pelas pontas.
Na carreira, marcou 145 gols em 271 partidas, média de 0,53 gols por partida. "Filho da periferia", como se define, Hulk, nascido Givanildo Vieira de Sousa, diz ter visto a "morte de frente" na infância em Campina Grande.

Folha - Para conseguir a vaga na seleção, você vai ter que concorrer com Neymar, Pato, Ronaldinho e Robinho. Acredita que vai disputar a Copa?
Hulk - Esse é o sonho de qualquer jogador. Além disso, tem esse momento especial. Jogar um Mundial pela seleção no Brasil é um sonho que quero realizar. Sei que vou ter que estar muito bem fisicamente, com uma cabeça boa e me destacando no clube. Se tudo der certo, vou estar neste Mundial.

O Mano não encontrou o atacante de área para a seleção. Você jogaria nesta posição?
Estou sempre disposto a ajudar. Mano sabe que não sou aquele jogador de área, gosto de jogar aberto pelas pontas. Mesmo assim, se precisar de um atacante ali, vou jogar. Pela seleção, faço tudo. Na seleção, não se discute posição. Já atuei em muitas oportunidades como referência na área no Porto.

Você é um desconhecido no Brasil. Já em Portugal, é festejado pelos torcedores. Você se arrepende de sair tão cedo?
Fui para Portugal aos 15 anos. Passei um ano lá e voltei. Depois, fui para o São Paulo e acabei me profissionalizando no Vitória. Aos 17 anos, fui negociado para o Japão. Fiquei por três anos e me passaram para o Porto. Estou na quarta temporada em Portugal. Está ótimo. Estou há sete anos fora do Brasil. Garanto que é uma experiência muito legal.

Como foi deixar o interior do Brasil para morar no Japão?
É uma cultura totalmente diferente. Fui para lá acreditando que seria ruim, mas é um país muito bonito de se viver. O clube me ofereceu tudo. Os japoneses me ajudaram demais. Sou grato. Tenho o Japão no coração e até um patrocinador japonês.

De onde veio seu apelido?
Gostava muito de ver os desenhos do Hulk e depois o imitava. As pessoas souberam e passaram a me chamar assim. Acabou pegando.

Como foi sua infância em Campina Grande?
Vim de José Pinheiro, um bairro muito falado pela violência. Agora, a situação melhorou, mas ainda tem violência. Sempre procurei as amizades que me ajudavam. Encontrei as pessoas certas na vida. Mesmo com dificuldade, consegui uma boa educação naquela época difícil.

Você foi vítima de violência?
Quando se vive na periferia, você sempre acaba vendo a morte na sua frente. Vi algumas vezes isso acontecer na minha frente. Sou filho da periferia e torço para que a violência acabe. Eu tive vários colegas que as drogas levaram. Quando encerrar minha a carreira na Europa, vai ser no Brasil que vou morar com a minha família. Vou querer viver entre João Pessoa e Campina Grande.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.