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Juca Kfouri

Lavanderia esportiva

A indústria do esporte é o território mais propício à corrupção e à impunidade geral

OPORTUNO EDITORIAL desta Folha tratou do novo escândalo que abala o mundo do futebol com a manipulação de resultados para favorecer apostadores pelo planeta afora.

O fenômeno é antigo e se antes envolvia apenas o desejo de vencer por meio da compra de árbitros ou de jogadores desonestos, desde os anos 80 do século 20 que as apostas passaram a ser as maiores vilãs.

O Totonero italiano e a Máfia da Loteria Esportiva brasileira são só dois dos exemplos dessa época.

De lá para cá a coisa se ampliou. A Máfia do Apito, na primeira década deste século, causou até a anulação de jogos no Brasileirão.

Os motivos para tanta corrupção são facilmente identificáveis, a começar pela ganância do ser humano, facilitados pela terra de ninguém que caracteriza a atividade e a intangibilidade dos valores que a movimentam. Segundo a agência da ONU especializada no tema, a indústria esportiva faturará algo em torno de R$ 600 bilhões neste ano.

Calcula-se que o mercado do futebol brasileiro faturou cerca de R$ 3 bilhões no ano passado e o europeu, diz a Uefa, algo em torno de R$ 34 bilhões. Não há indústria mais propensa à lavagem de dinheiro que a do esporte.

Só a transferência de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid valeu mais de R$ 260 milhões.

Quanto valerá Lionel Messi? Sua multa contratual está calculada em mais de R$ 670 milhões!

E quanto valeria o Rei Pelé?

Impossível dizer. É incalculável pelo que uma transação dessas tem de subjetiva. Assim é no futebol, no futebol americano, no basquete, no beisebol etc.

O pior é que os esforços anunciados pela FIFA, ou pela Uefa, com seu Fair Play financeiro, não encontram eco no Brasil, mesmo após o STF, em memorável sentença do ex-ministro Cezar Peluso, esclarecer que a autonomia das entidades esportivas, consagrada na Constituição, não significa soberania.

Mas o poder de sedução da cartolagem é tal que o governo Lula começou bem por legar o Estatuto do Torcedor e a chamada Lei da Moralização do Esporte e terminou mal ao criar o monstrengo da Timemania, para os clubes saldarem dívidas com a União sem contrapartida de mudar o modelo de gestão.

Daí não surpreender que o Tribunal de Justiça de São Paulo abdique de ser exemplar e didático e esteja em vias de absolver a CBF e a FPF pelo escândalo da Máfia do Apito.

Apesar de o protagonista da trama, o ex-apitador Edílson Pereira de Carvalho, permanecer em ação após a revelação de que falsificara o diploma do curso secundário para poder atuar pelas duas entidades, que não o puniram. E também ser inevitável que o dinheiro sujo russo, e o inesgotável do mundo árabe, tomem conta do futebol inglês.

Urge uma agência reguladora do esporte no Brasil.


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