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Juca Kfouri

Bola pro mato!

Aqui se propõe um modo de protestar contra a desumanidade de jogar na altitude

A LIBERTADORES começou. Com ares menos selvagens, mas ainda desumana por obrigar times que vivem ao nível do mar a jogar em altitudes superiores a 2.600 metros.

Enquanto uns anfitriões contam com o ar rarefeito, que esgota os pulmões e não oxigena o cérebro, como seu melhor jogador, os que vivem na planície oferecem sempre condições iguais para a disputa do jogo, seja o calor, o frio, o gramado ruim etc.

Já estivemos perto do fim dessa barbárie, quando a Fifa quis intervir, mas a demagogia populista, até do governo brasileiro, impediu que se chegasse à solução.

Outro dia mesmo, em La Paz, o São Paulo se impôs enquanto teve saúde e tomou quatro gols depois, quando embriagado. E tome críticas, injustas, e ignorantes do que diz a medicina esportiva.

Até Rogério Ceni saiu do campo dizendo que era inadmissível o que havia acontecido com seu time, minimizando o fator altitude -certamente por ser goleiro e sentir menos os efeitos que, no caso dele, se limitam à velocidade da bola, algo que se pode dar jeito.

E também porque o São Paulo terá de voltar lá, como se o problema não fosse a altitude, mas falar dela.

Há meios de lidar com a questão, como a de mandar um grupo de reservas com a antecedência necessária e punir os locais com a ausência das estrelas que gostariam de ver.

Mas o que aqui se propõe é mais radical. Por que não, além de mandar um time de reservas, orientar os jogadores para que se restrinjam a dar chutões para onde cada um estiver virado?

Limitar-se a ficar em seu campo mandando a bola para as arquibancadas, para o mato, para o cume da montanha?

Sem nenhuma pretensão de atacar, de fazer gol, quem sabe a única maneira de convencer os torcedores bolivianos do Strongest, de La Paz, do San José de Oruro, do peruano Real Atlético de Cuzco, ou do mexicano Toluca etc, que será melhor mandar seus jogos em Cochabamba, Santa Cruz de La Sierra, Lima ou Guadalajara do que em suas casas, onde as condições são desiguais e, portanto, esportivamente injustas.

Quanto tempo suportariam tais plateias por não verem de perto os Ronaldinho Gaúcho, Fred, Pato, Rogério Ceni, Zé Roberto, Riquelme, que desfilam pelos grandes clubes do continente?

Ou será que a Libertadores, já cinquentenária, está fadada a não levar eternamente em conta que o futebol é, antes de mais nada, um esporte?

Ir a campo só para destruir pode ter tal efeito desmoralizador no que se pretende um espetáculo que talvez convença os refratários, além de impedir que os grandes clubes do continente, argentinos devidamente incluídos, se submetam a vexames diante de timecos que tem na altitude seus 12º e 13º jogadores.

Ah, sim: na Libertadores, agora, três cartões amarelos suspendem. No Campeonato Carioca, não...


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