São Paulo, segunda-feira, 01 de janeiro de 2007

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Caldeira voa e garante 1ª dobradinha

Duplo triunfo brasileiro na São Silvestre é feito inédito na história e faz país superar quenianos em número de vitórias

Corredor mineiro desabafa no fim e, debaixo de muita chuva, fecha ano de ouro de sua trajetória, com vitórias no Rio e em Belo Horizonte


Ayrton Vignola/Folha Imagem
Sob chuva intensa, Franck Caldeira cruza a linha de chegada na avenida Paulista na 10ª vitória brasileira da SS com estrangeiros

GUILHERME ROSEGUINI
MARIANA LAJOLO
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Principal favorito para uma São Silvestre bastante renovada, Franck Caldeira, 23, dominou a partir do elevado Costa e Silva e disparou rumo ao pódio.
Conquistou sua primeira vitória e garantiu a primeira dobradinha brasileira na história da prova, já que, no feminino, a vencedora já havia sido a mineira Lucélia Peres.
"Tem gente que não acreditou e vão cansar de bater palma, porque eu vou cansar de surpreender. Na falta do Marílson e do Vanderlei [Cordeiro de Lima], eu carreguei o Brasil nas costas. Por favor, passem a acreditar em mim. O Brasil precisa de crédito para o atletismo poder crescer", disse Caldeira, desabafando ao fim da prova.
"Falo isso porque as pessoas acreditam que o atletismo brasileiro é o Marilson e o Vanderlei. Hoje me coloco ao lado deles e não tenho medo de correr contra ninguém."
Em 2005, um tropeço o impediu de completar o trajeto da São Silvestre, na prova que celebrou o bicampeonato de Marílson Gomes dos Santos.
Com uma preparação física invejável, o mineiro de Sete Lagoas encerrou ontem um ano perfeito em sua carreira. Batia no peito e mandava beijos pouco antes de cruzar, com 44min06s, 1min07s à frente do vice, Clodoaldo Gomes.
Em 2006, além de vencer a Meia-Maratona do Rio e a Volta da Pampulha, Caldeira alcançou o terceiro lugar no ranking nacional da maratona, atrás de Marílson Gomes do Santos e Vanderlei Cordeiro de Lima, que não participaram.
Caldeira também é vice-líder do ranking nacional dos 10 mil metros e um dos pré-classificados para o Pan deste ano, com índice para a maratona.
Foi a décima vitória brasileira no masculino desde que a corrida passou a aceitar estrangeiros. Com isso, o Brasil desempatou a briga com o Quênia, que detém nove troféus.
A largada masculina da 82ª edição da prova foi dada sob a amena temperatura de 21 C, mas com bastante chuva. Houve vários pontos alagados.
Franco favorito, o mineiro apareceu no Minhocão liderando, seguido pelo queniano Kenneth Kosgei. O ritmo era forte.
"Minha estratégia foi correr feito louco. Se alguém agüentasse, eu ia aproveitar meu pouco peso para ganhar na Brigadeiro", disse Caldeira.
Perto do Teatro Municipal, depois do km 11, ele já abria mais de 200 m em relação aos seus perseguidores. Na subida da Brigadeiro Luís Antônio, Caldeira ainda sobrava, sem ser incomodado pelo segundo colocado, Paulo Alves dos Santos.
Se havia então alguma emoção, era esperar um pódio brasileiro. A perspectiva se tornou realidade quando Clodoaldo Gomes se livrou de Javier Guarín, da Colômbia, e João N'Tyamba, de Angola. Na Brigadeiro, ultrapassou Paulo.
A última dobradinha brasileira no pódio masculino havia sido em 2003, com Marílson em primeiro e Rômulo Wagner em segundo. Ontem, uma trinca nacional foi saudada na chegada, na avenida Paulista.


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