São Paulo, terça-feira, 01 de fevereiro de 2005

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Ex-astros do Corinthians buscam "Fiel" no 2º escalão

Enquanto equipe paulista nutre argentino Carlos Tevez como novo ídolo, veteranos Marcelinho, Ronaldo e Viola levam status do passado a clubes à margem dos holofotes

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles já ouviram seus nomes serem ovacionados por uma das mais exigentes torcidas do Brasil. Atraíram holofotes, ganharam dinheiro, provocaram polêmicas e escreveram seu nome na história.
No momento em que celebra sua mais cara contratação, o Corinthians vê seus três maiores ídolos ainda em atividade diante de um novo desafio: defender equipes de pouca expressão ou que andam em baixa nos últimos anos e manter viva sua biografia.
Marcelinho deu ontem o primeiro passo. O meia-atacante voltou ao Brasil após dois anos -jogou no Gamba Osaka (Japão), Al-Nasser (Arábia Saudita) e Ajaccio, modesto time francês- e foi apresentado pelo Brasiliense, que estréia na Série A do Brasileiro.
Marcelinho não terá como rivais dois de seus principais parceiros no Corinthians, que hoje venera o argentino Carlos Tevez.
O atacante Viola acertou sua ida ao Bahia, da Série B. O goleiro Ronaldo já está na ativa: disputa o Paulista pela Portuguesa Santista.
Além das glórias no Corinthians e da aversão à palavra aposentadoria, os três têm em comum o status de astros nos novos clubes.
"Um jogador como Viola faz falta na TV e nos jornais. O futebol nos últimos anos anda meio frouxo. Falta polêmica, show", diz, referindo-se a si mesmo na terceira pessoa, como Pelé.
Dos três, o atacante de 36 anos é o único que parece manter ímpeto dos tempos de Corinthians.
"Muitos buscam status, mas eu queria tranqüilidade, qualidade de vida. O projeto de crescer com o clube, de buscar resultados, também me atraiu. A questão financeira foi secundária", afirma Marcelinho, 33, sem revelar o salário. Ele não quis falar em eventual volta ao clube paulista.
Quando retornou ao Brasil em 1998, após rápida passagem pela Espanha, o meia-atacante teve seu passe "leiloado" entre os quatro grandes de São Paulo por meio do "Disque Marcelinho" -seu passe era da Federação Paulista.
Dono de dois Brasileiros pelo Corinthians, o meia foi o único dos três ídolos em atividade que chegou à glória máxima do time: o Mundial de Clubes, em 2000.
Ronaldo, que em 2004 jogou no modesto Metropolitano, de Blumenau (SC), também teve motivo singelo para retornar a São Paulo.
"Fui motivado pelos meus filhos e pelo projeto do clube. Eles já começam a entender o que é essa coisa de autógrafo, vão ao treino comigo, é um barato", afirma o pai de Lucas, 2, e Mateus, 1.
Aos 37 anos, o goleiro também abandonou o hobby que o levou a flertar com o palco. Em 1997, gravou CD com "Ronaldo e os Impedidos". "Hoje eu só canto canção de ninar", afirma.
A tranqüilidade de hoje contrasta com a fama que os jogadores cultivaram no Corinthians. Em 1991, Ronaldo e outros atletas entraram em queda-de-braço com Cilinho. O técnico foi demitido. Em 1998, por rusgas com Vanderlei Luxemburgo, foi dispensado após dez anos de titularidade.
Marcelinho também se envolveu em celeumas com companheiros e acabou levando a pior em 2002. Desafeto de Luxemburgo e Ricardinho, o meia deixou o clube e migrou para o Santos. O caso foi parar na Justiça.
Já Viola mantém as características do atacante que imitou um porco após marcar gol no primeiro jogo da final do Paulista-1993 -o Palmeiras acabou campeão.
Antes de acertar com o Bahia, ele chegou a flertar com o Madureira, do Rio, clube que não figurou em nenhuma das três divisões do Brasileiro-2004. Diz que não se importa em jogar a Série B.
"Adoro desafios. Sabia que um dia jogaria em um time do Nordeste", afirma o filho de baianos.
"Além disso, o Bahia está na mesma proporção dos outros grandes. Sempre lotou a Fonte Nova, tem torcida fanática, estrutura excelente. Acho que está até um pouco melhor que Corinthians, que sofre para colocar 10 mil pessoas no estádio."


Colaborou Marcelo Sakate, da Sucursal do Rio

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