São Paulo, terça-feira, 01 de fevereiro de 2011

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A escolha de Dilma

Detalhes separam Meirelles da Autoridade Olímpica, mas prefeito do Rio diz ainda esperar consulta

NATUZA NERY
DIMMI AMORA

DE BRASÍLIA O governo já dá como praticamente certa a nomeação de Henrique Meirelles para dirigir a APO (Autoridade Pública Olímpica), um consórcio das três esferas do Executivo para coordenar as ações dos Jogos Olímpicos de 2016.
Segundo a Folha apurou, Meirelles sinalizou "positivamente" à proposta, mas ainda não confirmou se a aceita. Ele estaria preocupado com algumas atribuições e com a divisão de poderes no órgão.
O problema é que, hoje, a APO só existe no papel e já enfrenta um impasse político: a Prefeitura do Rio de Janeiro é contra o modelo sugerido pelo governo federal.
Como a criação da autarquia requer aprovação nos legislativos federal, estadual e municipal, qualquer posição formalmente contrária à APO pode inviabilizá-la.
Dilma Rousseff chamou o ex-presidente do Banco Central para assumir o posto na última sexta, após reunião entre os dois em São Paulo.
A ideia de colocá-lo no comando da APO surgiu no ano passado, após as eleições, e foi afiançada pelo ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, desde o começo.
"Não fui consultado sobre outros nomes e imagino que, como é um consórcio de três níveis, vai haver uma consulta", disse à Folha o prefeito do Rio, Eduardo Paes.
Ele afirmou que a última vez que tratou do assunto foi no ano passado, quando o nome mais cotado era o do ministro do Esporte, Orlando Silva. Como ficou no ministério, seu nome foi descartado.
A indicação de Meirelles foi bem recebida pelos comitês brasileiro e internacional.
A APO tem a prerrogativa de coordenar as ações para a realização da Olimpíada no Rio em 2016, inclusive com poderes para tocar obras e projetos que o Estado, o município e o governo federal não consigam realizar.
Pela proposta, o órgão pode ter até 493 cargos de livre nomeação, sendo 37 de diretoria, com salários de R$ 5.000 a R$ 22 mil. Ainda em 2010, Dilma teria se incomodado com os altos salários e o tamanho da estrutura.
Na ocasião, teria feito chegar ao PC do B sua insatisfação. Foi o Ministério do Esporte, comandado pelo partido, quem montou o projeto.
Pelo modelo, a direção da APO se reporta a um conselho de governança de 12 membros: sete do governo federal, dois do Estado, dois da prefeitura e um da sociedade civil. A direção é nomeada pela presidente do país.
O modelo não agrada ao Rio, que diz que os poderes da APO ficam excessivamente centrados na União. O argumento é que o município e o Estado ficariam submetidos à autarquia, e seus gastos, tutelados, enquanto o responsável legal pelos Jogos de 2016 é a prefeitura.
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio já aprovou a criação da APO. O governo federal editou uma medida provisória criando o consórcio, mas o texto, que tem força de lei, ainda não foi aprovado pelo Congresso Nacional. A Câmara de Vereadores do Rio, porém, ainda não aprovou a lei municipal.


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