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JOSÉ ROBERTO TORERO
Os fugazes cometas do futebol
Eles chegam prometendo brilhar intensamente e fazem uma grande partida. Porém, no dia seguinte...
U
M DOS FENÔMENOS astrofutebolísticos mais curiosos do
universo é o jogador-cometa.
Certamente um deles já passou
pelo seu time.
Eles chegam prometendo brilhar
intensamente e realizam uma grande partida. Mostram habilidade e
são uma promessa de grandes vitórias. Mas, quando você espera que
o jogador-cometa brilhe no dia
seguinte, como um rotineiro sol que
se levanta todas as manhãs, onde
está ele?
Foi-se. Desapareceu. Apagou-se.
Às vezes até está lá, no banco de
reservas, mas se tornou obscuro,
sem luz.
Os exemplos são muitos, muitíssimos. Mas é difícil lembrar deles. É
da natureza dos jogadores-cometa
serem esquecíveis. Eles são como
aqueles companheiros de escola que
você vê nas fotos antigas e nem imagina quem sejam.
Num esforço de memória consegui lembrar de alguns, como Neizinho, do Santos.
Lembra dele?
É provável que não. Só os santistas
mais aficionados hão de lembrar.
Era um centroavante rápido e houve
um dia em que marcou três gols.
Três! Depois disso? Ninguém sabe,
ninguém viu. Parou de marcar, foi
para o banco de reservas e desapareceu.
Outro jogador-cometa foi Carlos
Alberto Borges, no Palmeiras.
Se bem que neste caso talvez seja
mais correto dizer jogador-relâmpago, porque ele foi alvejado por um
raio e desde então nunca mais foi o
mesmo.
E Vivinho, do Vasco?
Numa partida contra a Portuguesa pelo Campeonato Brasileiro de
1989, ele deu chapéus seguidos no
volante Capitão. Foi uma jogada
sensacional, reprisada à exaustão.
Mas Vivinho não desabrochou. Só o
que lembramos dele é apenas aquela
jogada.
O jogador-cometa tem um brilho
fugaz. O pior é que esperamos rever
esse brilho. Ficamos olhando para o
céu ou, no caso, para o gramado,
querendo reviver aquele momento
em que presenciamos uma faísca de
genialidade. Mas o jogador-cometa
não brilha duas vezes.
Provavelmente o jogador-cometa
tenta repetir tudo o que fez no mágico dia em que realizou seu grande jogo. Faz a barba do mesmo jeito, toma o mesmo café, sai à mesma hora
de casa, usa a mesma cueca, mas não
adianta. O milagre não se repete.
Antes e depois daquele momento,
ele é um jogador simples, comum.
Às vezes, menos do que isso. Mas um
dia, um único dia, ele foi capaz de
uma jogada genial. O porquê de ele
não conseguir repeti-la é que é o
mistério. Talvez seja excesso de timidez, talvez falta de autoconfiança
ou talvez aquele dia tenha sido um
mero acaso, uma sorte. Ou um azar.
Nós, os não-jogadores, também
somos um tanto cometas.
Pense bem, deve ter um dia em
que você olhou no espelho e afirmou
"Puxa, nem pareço eu!", ou o dia em
que suas piadas saíam com naturalidade, ou a inesquecível noite em que
cantou no karaokê sem desafinar.
De certa forma, o jogador-cometa
é até uma metáfora da existência, já
que a vida é mais ou menos como a
única grande partida de um jogador.
É um único momento de luz, de brilho, e depois voltam as trevas, o nada.
Mas isso já não é assunto para
uma coluna de futebol.
Não-corintianos felizes
Alberto Dualib conseguiu eleger
seu candidato a presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians,
o advogado Carlos Senger, por dois
votos (178 a 176). E, por apenas 11
votos de diferença, a situação também elegeu sua chapa no Conselho
de Orientação.
Palmeirenses, santistas e são-paulinos ficaram muito contentes
com essas notícias.
torero@uol.com.br
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