São Paulo, domingo, 01 de março de 2009

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Novo plano olímpico infla gasto

Rio-16 eleva em 9% o custo em dólar de obras em sedes esportivas, que, em real, têm aumento maior

Projeto final apresenta menos instalações prontas e mais sedes temporárias e reformadas em relação ao primeiro dossiê para o COI

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes de saber se será escolhida sede da Olimpíada, a candidatura Rio-2016 já viu um crescimento dos gastos previstos em seu orçamento em relação às instalações esportivas. O inchaço verifica-se na comparação entre os dossiês inicial, de janeiro de 2008, e o final, de fevereiro deste ano.
No início do ano passado, o comitê postulante estimou em US$ 508 milhões o gasto com sedes de competições. Essa conta excluía reformas temporárias em sedes já existentes e nas que seriam construídas.
No mês passado, a conta definitiva do comitê nos mesmos itens chegou a US$ 555,1 milhões, também com a exclusão dos trabalhos temporários, segundo levantamento da Folha.
Houve um aumento de 9,3% nos gastos previstos em dólar. Para os valores em reais, o crescimento foi de 32,6%, consideradas as cotações em dólar da data de entrega de cada documento e a atualização pela inflação no período. Afinal, em 2008, a estimativa chegava a R$ 948,8 milhões. Agora, já totaliza R$ 1,258 bilhão.
Mas o câmbio não é o único vilão do crescimento do orçamento, que terá a maior parte dos recursos vindo dos cofres dos governos. Houve diversas mudanças no projeto.
Inicialmente, o comitê listava 13 sedes esportivas como prontas, necessitando apenas de trabalhos temporários. Esse número caiu para dez no segundo documento ao COI.
Explica-se: duas instalações (Sambódromo e Centro de Tiro), antes consideradas prontas, passaram a precisar de reformas. A sede do levantamento de peso ficou no mesmo lugar, mas se tornou provisória.
Mais grave: o Parque Aquático Maria Lenk deixou de servir para competições de natação, depois de um ano, pois não haveria como fazer uma reforma para que ele atingisse a capacidade olímpica mínima exigida pelo COI, 18 mil pessoas.
O custo do novo Estádio Olímpico Aquático será de US$ 37,9 milhões (R$ 86 milhões). Mesmo assim, o Maria Lenk ainda terá de ser reformado para receber o polo aquático.
O valor a ser gasto com as obras do Velódromo quase quadruplicou. Foi de US$ 9,5 milhões para US$ 35,1 milhões.
Segundo o comitê Rio-2016, houve "uma remodelação da cobertura, criação de área adicional para atletas e para diferenciação de públicos (atletas, mídia e espectadores), salas adicionais para a área esportiva e instalação de ar-condicionado". As alterações foram feitas após reunião com a Federação Internacional de Ciclismo.
Mais surpreendente é o orçamento para o Parque Olímpico de Mountain Bike, que era uma instalação permanente. No dossiê final, virou temporário.
Mesmo assim, o preço aumentou: passou de US$ 6,9 milhões para US$ 8,4 milhões. O Rio-2016 explicou que a primeira estimativa era só para a construção da sede esportiva, sem os ajustes finais, enquanto a segunda conta inclui tudo.
O paradoxo não para por aí. O gasto aumentou em um ano, mas também cresceu o número de instalações temporárias. Eram quatro no primeiro dossiê e são sete no final. Além do mountain bike, o levantamento de peso, o pentatlo moderno e o hóquei na grama passaram a ter sedes não permanentes.
Fora o levantamento de peso, que não foi orçado no primeiro dossiê, os outros dois tiveram queda de preços, principalmente o hóquei, cujo custo ficou em menos de um terço do que o inicialmente projetado.
Mas, na soma final, o gasto com sedes temporárias acabou sendo o que mais cresceu: quase dobrou. Também houve aumento no total das reformas de instalações já existentes, em mais de 20%. Só houve redução em dólar, de 6%, no gasto com novas construções.
A reforma do Estádio João Havelange também caiu em dólar. Mas, somadas as sedes, a conta subiu nas duas moedas.


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