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Novo plano olímpico infla gasto
Rio-16 eleva em 9% o custo em dólar de obras em sedes esportivas, que, em real, têm aumento maior
Projeto final apresenta menos instalações prontas e mais sedes temporárias e reformadas em relação ao primeiro dossiê para o COI
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes de saber se será escolhida sede da Olimpíada, a candidatura Rio-2016 já viu um
crescimento dos gastos previstos em seu orçamento em relação às instalações esportivas. O
inchaço verifica-se na comparação entre os dossiês inicial,
de janeiro de 2008, e o final, de
fevereiro deste ano.
No início do ano passado, o
comitê postulante estimou em
US$ 508 milhões o gasto com
sedes de competições. Essa
conta excluía reformas temporárias em sedes já existentes e
nas que seriam construídas.
No mês passado, a conta definitiva do comitê nos mesmos
itens chegou a US$ 555,1 milhões, também com a exclusão
dos trabalhos temporários, segundo levantamento da Folha.
Houve um aumento de 9,3%
nos gastos previstos em dólar.
Para os valores em reais, o crescimento foi de 32,6%, consideradas as cotações em dólar da
data de entrega de cada documento e a atualização pela inflação no período. Afinal, em
2008, a estimativa chegava a
R$ 948,8 milhões. Agora, já totaliza R$ 1,258 bilhão.
Mas o câmbio não é o único
vilão do crescimento do orçamento, que terá a maior parte
dos recursos vindo dos cofres
dos governos. Houve diversas
mudanças no projeto.
Inicialmente, o comitê listava 13 sedes esportivas como
prontas, necessitando apenas
de trabalhos temporários. Esse
número caiu para dez no segundo documento ao COI.
Explica-se: duas instalações
(Sambódromo e Centro de Tiro), antes consideradas prontas, passaram a precisar de reformas. A sede do levantamento de peso ficou no mesmo lugar, mas se tornou provisória.
Mais grave: o Parque Aquático Maria Lenk deixou de servir
para competições de natação,
depois de um ano, pois não haveria como fazer uma reforma
para que ele atingisse a capacidade olímpica mínima exigida
pelo COI, 18 mil pessoas.
O custo do novo Estádio
Olímpico Aquático será de US$
37,9 milhões (R$ 86 milhões).
Mesmo assim, o Maria Lenk
ainda terá de ser reformado para receber o polo aquático.
O valor a ser gasto com as
obras do Velódromo quase
quadruplicou. Foi de US$ 9,5
milhões para US$ 35,1 milhões.
Segundo o comitê Rio-2016,
houve "uma remodelação da
cobertura, criação de área adicional para atletas e para diferenciação de públicos (atletas,
mídia e espectadores), salas
adicionais para a área esportiva
e instalação de ar-condicionado". As alterações foram feitas
após reunião com a Federação
Internacional de Ciclismo.
Mais surpreendente é o orçamento para o Parque Olímpico
de Mountain Bike, que era uma
instalação permanente. No
dossiê final, virou temporário.
Mesmo assim, o preço aumentou: passou de US$ 6,9 milhões para US$ 8,4 milhões. O
Rio-2016 explicou que a primeira estimativa era só para a
construção da sede esportiva,
sem os ajustes finais, enquanto
a segunda conta inclui tudo.
O paradoxo não para por aí.
O gasto aumentou em um ano,
mas também cresceu o número
de instalações temporárias.
Eram quatro no primeiro dossiê e são sete no final. Além do
mountain bike, o levantamento de peso, o pentatlo moderno
e o hóquei na grama passaram
a ter sedes não permanentes.
Fora o levantamento de peso, que não foi orçado no primeiro dossiê, os outros dois tiveram queda de preços, principalmente o hóquei, cujo custo
ficou em menos de um terço do
que o inicialmente projetado.
Mas, na soma final, o gasto
com sedes temporárias acabou
sendo o que mais cresceu: quase dobrou. Também houve aumento no total das reformas de
instalações já existentes, em
mais de 20%. Só houve redução
em dólar, de 6%, no gasto com
novas construções.
A reforma do Estádio João
Havelange também caiu em
dólar. Mas, somadas as sedes, a
conta subiu nas duas moedas.
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