São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2006

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FUTEBOL

Como os santos queriam

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Dos grandes paulistas, saiu tudo como o São Paulo e o Santos queriam. Amém.
Para os praianos, bastou botar alguns titulares em campo para virar o jogo diante do só aguerrido Palmeiras, depois de um primeiro tempo tecnicamente muito fraco e um segundo emocionante.
O consolo alviverde se limita ao espírito de luta que o time tem mostrado, ao contrário do que vinha fazendo.
Impossível dizer que os jogadores tenham derrubado Emerson Leão, mas fica clara a vontade inconsciente, ao menos, e dos dois lados, para que o treinador deixasse o clube.
Leão precisa voltar a ficar de bem com a vida como nos tempos em que dirigiu os meninos do Santos, que lhe fizeram muito bem. Porque é evidente que estressou o elenco palmeirense.
Já o Santos só tem a lamentar a eventual perda de Reinaldo para o jogo diante do Ipatinga, pela Copa do Brasil, ele que acabou sendo decisivo na vitória no Palestra Itália.
E o São Paulo brilhou.
Fez um segundo tempo impecável, com direito a quatro belos gols, na goleada do sábado sobre o frágil Santa Cruz.
Danilo, Mineiro e Rogério Ceni estão em estado de graça não é de hoje, e Leandro passa a ser sempre boa opção para mudar o ritmo do time quando este se mostra um pouco auto-suficiente demais.
Quem se deu mal foi o Corinthians, que sofreu em Campinas ao enfrentar uma Ponte Preta em tarde inspirada e de incrível movimentação tática, ao deixar perdido o sistema defensivo corintiano. Ponto para Vadão.
Não fosse uma vez pela trave e outras três ou quatro vezes pela boa atuação de Silvio Luiz e o Timão teria amargado uma goleada, embora também tenha exigido de Jean boas defesas quando já era derrotado.
O misto quente do time paulistano não fez frente ao campineiro, que, além do mais, deu sorte.
Deu sorte ao não ser percebida a mão na bola de seu zagueiro na linha do gol e ao ver outro erro de arbitragem corrigir mais um.
Sim, porque o pênalti que Antônio Hora Filho marcou sobre Carlos Alberto, quando estava 2 a 1 para a Ponte e para compensar o não dado quando estava 0 a 0, simplesmente não existiu. Como ficou claro que Jean se adiantou para defender a segunda cobrança de Roger (a primeira, convertida, foi corretamente anulada por invasão de Carlos Alberto).
Se os santos paulistas se deram bem, o futebol carioca levou uma ducha fria com as derrotas normal do Flamengo na casa do Inter, que jogou com time misto, e acachapante de seu campeão, o Botafogo, para o Atlético Paranaense-4 a 0 no Maracanã.
Mas que talvez tenham o mérito de botar todos com os pés no chão, nesta ânsia sem sentido de se fazer previsões definitivas num campeonato que nem bem começou. Mesmo os gols, que rarearam nas primeiras rodadas, começam a dar o ar de sua graça, neste Brasileirão que promete e que só pegará mesmo depois da Copa do Mundo na Alemanha.

Absurdo
Um absurdo a decisão judicial que impediu o Vasco de mandar o clássico contra o Flu em São Januário. Equivaleria a proibir o Palmeiras de jogar contra o Santos em casa. É comum na Europa pequenos estádios abrigarem grandes jogos. Basta tomar as medidas que cada jogo exige, impedir que pessoas sem ingresso penetrem nas imediações do campo. Não se pode justificar a incompetência de quem deve zelar pela segurança pública com a punição a um estádio que tem todas as condições como o histórico, e simpático, São Januário. Ou será que lá não há condições para um jogo? Se não tem, interdite-se. Mas, se tem para um jogo, tem para todos. A proibição alimenta o sentimento de perseguição ao Vasco que Eurico Miranda gosta de estimular.

@ - blogdojuca@uol.com.br


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