São Paulo, sábado, 01 de maio de 2010

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não cabe

Pacaembu com 40 mil é ficção

Federação, clubes e polícia não acreditam na capacidade que administração diz que o estádio tem

Enquanto os torcedores se esgoelam por ingressos, carga de bilhetes para finais do Paulista-10 fica longe da lotação prevista em alvará

Apu Gomes/Folha Imagem
Avisos no Pacaembu sobre o fim de bilhetes
para os santistas


EDUARDO OHATA
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Saiu no "Diário Oficial" do município no final do ano passado. A administração da arena mantém a versão. Porém, para quem utiliza o estádio, trabalha lá ou ganha dinheiro com ele, é balela a capacidade oficial de público do Pacaembu.
Em decisão festejada pelo Corinthians, que assim poderia mandar lá todos os seus jogos pela Libertadores (a capacidade mínima para a final é de 40 mil lugares), a prefeitura paulistana anunciou que a partir desta temporada o Pacaembu comportaria 40.199 pessoas.
Ninguém parece crer nisso.
Enquanto o torcedor sofre em filas ou na frente do computador para comprar ingressos para a final do Paulista e os jogos do Corinthians na Libertadores, os cartolas põem à venda carga total que não chega, como na partida Santo André 2 x 3 Santos, a 34 mil ingressos.
Ou seja, a primeira partida da final do Paulista teve à venda mais de 6.000 abaixo do que dizem caber no Pacaembu (para o confronto que decide o campeão, amanhã, a carga se aproxima dos 37 mil ingressos).
A administração do estádio, que se baseia em um laudo emitido pelo Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis) para afirmar que cabem 40 mil pessoas no Pacaembu, diz estranhar esses números.
"É uma boa pergunta", comenta Alessio Gamberini, o administrador da arena, sobre o motivo de a carga de ingressos ficar longe da capacidade que ele alega ter o estádio.
O funcionário público diz ver espaço de sobra em jogos decisivos na septuagenária arena.
"Os torcedores têm o hábito de deixar um espaço maior entre eles. Olhando de dentro do campo, você percebe que há "dentes"", afirma Gamberini.
""Do meio do campo, você consegue ver as cores amarela e a verde [do setor das arquibancadas], que não está ocupado como deveria. Também tem gente que fica encostada nas escadas; dá impressão de que as escadas estão entupidas, o estádio está lotado", completa ele.
Federação Paulista de Futebol e clubes não creem na capacidade que o Pacaembu diz ter. Polícia Militar e Corinthians, que pode precisar recorrer a ela na Libertadores, reconhecem ser inviável disponibilizar a capacidade completa do estádio.
Segundo a federação paulista, que é quem tem a palavra final sobre a carga de ingressos para as partidas, a capacidade do Pacaembu registrada na Confederação Brasileira de Futebol é de 37.952 pessoas.
A PM diz que existe um laudo que permite a entrada de 40 mil pessoas no Pacaembu, mas apenas em jogos de "uma torcida só" ou em shows de rock.
Segundo o tenente-coronel Almir Ribeiro, em jogos como a final de amanhã a carga indicada pela corporação é de 37 mil entradas -3.000 lugares a mais do que os disponíveis para a partida do domingo passado.
Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, presidente do Santos, é outro que duvida do alvará com a nova capacidade do Pacaembu, que já chegou a receber mais de 60 mil fãs. "Acho que não cabem 40 mil pessoas após a reforma por causa do Estatuto do Torcedor", teoriza ele.
Lucio Blanco, coordenador de arrecadação do Corinthians, diz que a lei que determina entrada franca para menores de 12 anos e maiores de 60 (que no Pacaembu só ocorre no tobogã) é a culpada pelo clube não colocar 40 mil ingressos à venda para seus jogos na Libertadores.
O dirigente não cita, por exemplo, que quase sempre são destinados apenas 1.500 entradas para esse tipo de público.


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