São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2000


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FUTEBOL
Ministro do STJ rejeita recurso da CBF e mantém time do DF na Série A; Clube dos 13 pode criar liga no dia 5
Gama vence de novo na Justiça e apressa formação da liga

MARCELO DAMATO
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DO PAINEL FC

O Gama, equipe do Distrito Federal, conseguiu ontem mais uma vitória na Justiça na sua luta para disputar a Série A do Campeonato Brasileiro deste ano.
O ministro Antônio de Pádua Ribeiro, do Superior Tribunal de Justiça, rejeitou um recurso da Confederação Brasileira de Futebol para cassar a liminar de um juiz de primeira instância que garante o Gama na Série A.
No despacho, o ministro Pádua Ribeiro rejeita de maneira categórica o recurso. Afirma, por exemplo, que ele não trouxe argumentos novos para contestar a decisão do juiz que concedeu a liminar e que a ação tentou levantar temas ainda não julgados pela primeira instância.
A decisão, por outro lado, aumenta a chance de ser criada a liga brasileira de futebol, comandada pelo Clube dos 13, cujos integrantes na quase totalidade não querem enfrentar o Gama.
No próximo dia 5, os 20 sócios do Clube dos 13 reúnem-se no Rio para decidir se criam a liga e quais serão suas regras. Mas essa criação pode até não ocorrer, tal o número de divergências entre seus membros. Um dos poucos pontos em comum é que o Gama precisa ficar fora.
O advogado da ação pró-Gama, Paulo Goyaz, disse que a decisão praticamente garante o clube do Distrito Federal na Série A. Segundo ele, a CBF tem apenas uma chance de recurso para tentar cassar a liminar, mas essa decisão dificilmente sairá antes do início da competição, devido aos trâmites da Justiça brasileira.
Como a confederação reconhece que as chances de obter uma vitória na Justiça ainda este ano são mínimas, está transferindo o problema para o Clube dos 13.
A entidade já avisou que mandará um representante -provavelmente o secretário-geral Marco Antônio Teixeira- para se encontrar com Fábio Koff durante seminário da Fundação Getúlio Vargas para discutir a modernização do futebol brasileiro, na semana que vem.
Na ocasião, o presidente do Clube dos 13 apresentará ao dirigente o projeto de liga e pedirá o aval da CBF, que passaria a cuidar apenas da seleção brasileira.
Independente do modelo adotado pela liga, que pode até mesmo impedir o rebaixamento dos fundadores do Clube dos 13, a intenção da CBF é de apoiá-la.
No início do ano, a associação comandada por Koff contratou uma empresa de marketing para lhe indicar um modelo de liga. Como, pelo projeto, Fluminense e Bahia seguiriam na Série B, ele passou a ser questionado por Eurico Miranda, do Vasco, que tem defendido os interesses do Flu.

Entenda o caso
O conflito Gama x CBF começou no final da primeira fase do Brasileiro do ano passado. Na primeira rodada dessa competição, o São Paulo goleou o Botafogo-RJ por 6 a 1, usando o atacante Sandro Hiroshi.
Dois meses depois, o Tribunal de Justiça Desportiva declarou que o jogador estava em situação irregular e deu os pontos do jogo ao Botafogo-RJ. Posteriormente, o Inter-RS, que empatara com o São Paulo, foi beneficiado por uma decisão semelhante do TJD.
Ao final da primeira fase, por causa desses pontos, o Gama acabou rebaixado para a Série B.
Por isso, organizações de Brasília entraram na Justiça questionando a decisão, sob a alegação de que o TJD usara uma versão ilegal do Código Brasileiro Disciplinar do Futebol.
No dia 21 de novembro, o Gama ganhou a liminar que o reconduz à Série A. Desde então a CBF vem tentando cassá-la, sem sucesso. Foram encaminhados três recursos, todos negados.
A CBF também tentou impedir a participação do Gama na seletiva da Libertadores, na Copa Centro-Oeste e na Copa do Brasil. Conseguiu nas duas primeiras, mas não na última.
A Justiça igualmente barrou uma tentativa da entidade de suspender o Gama por dívidas, o que o impediria até de disputar o Campeonato Metropolitano.


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