EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos leitores desta coluna, bem como muitos não-leitores, sabe que Servílio de Oliveira foi responsável pela única medalha conquistada por um pugilista brasileiro em Olimpíadas (um bronze, nos Jogos do México, em 1968).
Aproveito o fato de a seleção brasileira de boxe amador ter embarcado ontem para disputar o Mundial de Belfast para lembrar de Hamilton Rodrigues. Se alguém menciona o nome dele hoje, a mais provável resposta é: ""Quem é esse cara?".
Bem, para começar, Hamiltinho é o único brasileiro a ganhar medalha, novamente um bronze, em um Mundial (foi em Reno, nos EUA, em 1986), entre os moscas-ligeiros. Um feito que não conta com a visibilidade da conquista de uma medalha em Jogos Olímpicos, mas com grau de dificuldade semelhante.
Por algum motivo, porém, Hamiltinho não obteve benefícios com os dividendos da conquista. Não teve a carreira profissional trabalhada com cuidado (ao contrário, foi sacaneado em algumas oportunidades), não ocupou cargo de treinador principal em lugar nenhum e nem tentou a sorte na política.
Atualmente, vive de bicos. Algumas vezes atua na construção civil, em outras, garante a sobrevivência como ambulante.
Não, não acho que Hamiltinho seja santo. Ou perfeito. Como todos nós, ele tem seus defeitos. Por exemplo, ele teria sido demitido do emprego de técnico-assistente por ter problemas com o álcool, o que, acredita, foi um dos motivos que levaram à sua separação. Seu castigo? Ficar longe do casal de filhos.
""Não sei o que houve de errado, ou se houve algo de errado. Sabe, amava lutar, gosto de estar por perto disso [o boxe", é o suficiente para mim", resume Hamiltinho, que ainda hoje frequenta as rodadas semanais de boxe amador no Baby Barione.
No meu caso, prefiro lembrar de Hamiltinho como meu ídolo da adolescência, cujas lutas assistia ao vivo no ginásio do CMTC Clube, às terças-feiras, ou pela TV, aos sábados à tarde.
Foi uma de minhas inspirações para calçar as luvas e participar de competições amadoras. Minha motivação à época? Queria um dia enfrentar Hamiltinho no ringue, era o que me motivava a aguentar um assalto a mais de sparring, a acordar um pouco mais cedo para correr.
Infelizmente não foi possível enfrentá-lo, pois minha campanha pífia nos Jogos Abertos e na Forja de Campeões resultou em uma aposentadoria precoce.
Ironicamente, cheguei a trabalhar como técnico de Hamiltinho, no ano passado. Esta semana, contei a ele que sonhava em lutar contra ele. ""Eu te daria um pau", respondeu, meio sério, meio brincando. Minha resposta, que o deixou sem graça, foi curta e sincera: ""Eu sei".

Há esperanças para os fãs de boxe: no último fim de semana, os telespectadores assistiram a três programações distintas. A DirecTV exibiu combate do pena ranqueado Juan Manuel Marquez (a operadora transmite boxe no canal 303 às quintas). No dia seguinte, mostrou luta do favorito desta coluna, Johnny Tapia (uma reclamação: as lutas anunciadas como ""ao vivo" são teipes). E ainda foi possível assistir ao programa semanal da ESPN International.
Na TV aberta, o ""Super Fight" (Gazeta) será exibido agora a partir das 20h30 dos domingos.

Brasil 1
Jason Oberlander, da rede de TV a cabo Showtime, reconfirmou a esta coluna que o combate de Popó com Casamayor foi adiado para agosto. ""Neste ponto seria impossível organizá-la em julho, faltam vários acertos. Se alguém disse o contrário, está mal informado." Dan Goosen, promotor do cubano, corroborou a informação, segundo telejornal da DirecTV.

Brasil 2
O peso-pesado Daniel Frank, algoz de Adilson Rodrigues, o Maguila, luta na próxima quarta-feira, no Democrata Bar, no bairro do Tatuapé. A programação tem início às 17h.

Brasil 3
O promissor peso-leve Juliano Ramos estreou no profissionalismo com um nocaute no primeiro assalto sobre Ariosvaldo Urbano, na última terça-feira, no Baby Barione, em São Paulo.

E-mail: eohata@folhasp.com.br


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