São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2006

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Copa 2006

Com lesão no joelho direito, volante embarca de volta para o Brasil, de onde sai hoje seu substituto, que ontem atuou pelo São Paulo

Após esconder contusão, CBF corta Edmílson e leva Mineiro

Comissão técnica da seleção sabia do problema com jogador do Barcelona desde a semana passada

PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A WEGGIS

O corte de Edmílson da seleção brasileira por causa de uma lesão no joelho direito pegou quase todos de surpresa. Menos a CBF, que sabia do problema desde o início da preparação, na semana passada. Mas tratou de esconder o assunto.
O drama do atleta do Barcelona se tornou público ontem, junto com a convocação de Mineiro, do São Paulo, para a sua vaga. Mas se arrastava desde as semifinais da Copa dos Campeões da Europa, quando sentiu as primeiras dores.
Em Weggis, logo no segundo treino, na semana anterior, ele se queixou à comissão. Mas o site da CBF registrava, na sessão boletim médico, não haver ninguém no departamento.
A página que, conforme definição da CBF, tem "a prevalência de notícias de bastidores, envolvendo situações a que a imprensa não terá acesso [incluindo o boletim médico]", omitiu a lesão de Edmílson até o anúncio do corte.
A Folha ligou até 0h32 (19h32 de ontem no horário de Brasília) para a assessoria de imprensa da CBF, mas os telefonemas não foram atendidos.
No amistoso de anteontem à noite, contra o Lucerna, na Basiléia, o volante sentiu as dores mais agudas na Suíça -após a partida, o técnico Carlos Alberto Parreira festejara publicamente que ninguém no time tinha se machucado.
Ele entrou no segundo tempo e foi até o fim, mas alertou o médico José Luiz Runco para o inchaço em seu joelho. Um exame feito ontem revelou uma lesão no menisco lateral "incompatível com a prática esportiva", segundo Runco.
Com o resultado em mãos, o médico reuniu Edmílson, toda a comissão técnica, o chefe da delegação, Marco Polo Del Nero, e o capitão Cafu para anunciar que o volante estava fora da Copa da Alemanha.
Às 17h32 (da Suíça), o corte era registrado no site da confederação brasileira. Cerca de 30 minutos antes, em prantos, Edmílson telefonara para parentes e amigos. Contou que o Mundial acabara para ele.
Em seguida, o volante deu uma entrevista coletiva e começou a desvendar a história que ajudou a esconder.
Falou das dores no Barcelona e em dois treinos. Disse que, orientado por Runco, tomou antiinflamatório. "No intervalo do amistoso, voltou a inchar. Ele me mostrou e afirmou: "Assim vai ficar difícil'", contou Runco, que afirmou não saber, até o segundo treinamento, das dores sentidas no Barcelona.
Apesar do alerta do jogador logo no início dos trabalhos na Suíça, ele não foi poupado. Pelo contrário, era o mais vigoroso nos trabalhos com bola.
Envolveu-se na única polêmica entre os atletas desde que a equipe de Parreira chegou à Suíça. Trocou botinadas com o atacante Adriano nos treinos.
Colegas de Edmílson também não sabiam do risco de ser cortado que ele vinha enfrentando. Só o ouviram narrar a história ontem, pouco antes de embarcar. Ficaram surpresos ao saber que ele já sentira dores na Copa dos Campeões.
Todos se despediram do colega. E classificaram o ambiente na concentração após a cena de triste e pesado, justamente após a primeira folga desde a apresentação para a Copa.
No Brasil, amigos do atleta também disseram que não sabiam de nada até ontem. Ao conhecerem a história, estranharam o volante não ter sido poupado de trabalhos com chuva.
Menos de uma hora antes de o corte tornar-se público, o preparador físico Moraci Sant' Anna dizia que os treinamentos com chuva e frio aumentam os riscos de contusão.
O jogador do Barcelona deixou a Suíça por volta das 22h locais, com chegada ao Brasil prevista para as 5h de hoje.
O substituto de Edmílson é esperado pela comissão técnica amanhã na Suíça. Ontem à noite, pelo São Paulo, Mineiro enfrentou o Fluminense.


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