São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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copa desenhada

"Escolha técnica" não valeu para 3 sedes

Sem surpresas, Fifa anuncia as 12 cidades que vão abrigar, em 2014, a segunda Copa do Mundo disputada no Brasil

Deslumbre de cartolas, erros das campanhas e política influenciaram seleção de Manaus, Natal e Cuiabá em detrimento de outras cinco

Jewel Samad/France Presse
Joseph Blatter, da Fifa, posa com mapa do Brasil no anúncio das sedes da Copa-2014, em Nassau

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A NASSAU

A escolha das sedes brasileiras para a Copa 2014 foi puramente técnica. Era o que repetiam os dirigentes da Fifa e da CBF após anunciar Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo para receber o Mundial.
Mas, na prática, o relatório técnico de inspetores da Fifa foi apenas o ponto de partida, que fez o primeiro corte e apenas definiu as nove mais bem preparadas. Havia dúvida da Fifa sobre as últimas três vagas, que foram definidas pelo deslumbre de cartolas, política e até por erros das campanhas.
"Foi difícil a definição de três. Duas estavam definitivamente fora. Outros nove já eram garantidas. Então, tínhamos seis para três vagas. Essas seis tinham condições de ser sede", afirmou o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke.
Apesar de o cartola ter se recusado a dizer quais as seis cidades, Belém e Manaus disputavam uma vaga no Norte; Cuiabá e Campo Grande, um lugar no Centro-Oeste: e Natal e Florianópolis brigavam pela última vaga entre as 12.
Mas os dirigentes do Comitê Executivo da Fifa, que deram a palavra final sobre as sedes, tinham pouco conhecimento sobre as cidades candidatas, segundo apurou a Folha. Na entrevista coletiva, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, chegou a achar que Belém era uma cidade do Nordeste, após a pergunta de um repórter.
Em compensação, na reunião do Comitê Executivo, os cartolas só falavam na floresta amazônica, identificando-a com o Amazonas. Manaus, portanto, era a mais simbólica. Ainda tinha o lobby dos patrocinadores da Fifa Coca-Cola e Sony, com sede na cidade.
Em relação à disputa do Centro-Oeste, cartolas da Fifa não gostaram das cartas enviadas por representantes de Campo Grande diretamente para eles. O apoio político do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, também teve peso.
Isso foi negado por Blatter, que admitiu que houve diversos pedidos de políticos. "Não ouvimos interferências políticas. Houve gente que disse que deveríamos ir aqui ou ali. Mas pensamos no esporte."
Só que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, fez questão de receber governadores e prefeitos das cidades na entidade.
Na terceira briga, o Nordeste, mais próximo da Europa e mais quente, pesou em favor de Natal, e contra Florianópolis. "É uma região muito agradável [o Nordeste], que também tinham candidaturas muito técnicas. Claro que as cidades são bonitas", disse Blatter, que não vê problemas nas largas distâncias entre as escolhidas.
Enquanto isso, Teixeira ressaltava o alto nível técnico "de todas as candidaturas."


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