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Agora ou nunca
Com time mudado, Brasil joga chance única de revanche e de evitar que França se torne maior algoz
EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A FRANKFURT
A seleção brasileira, segundo
Carlos Alberto Parreira, precisa de um "salto" de qualidade
para vencer hoje e aproveitar a
chance única de revanche da
maior derrota de uma geração.
Se não conseguir, estará consumada a fama de freguês, o que
não combina com um time cinco vezes campeão do mundo.
Por uma vaga nas semifinais
da Copa da Alemanha, Brasil,
com alterações na escalação, e
França se enfrentam hoje, às
16h, no Estádio de Frankfurt.
Um triunfo brasileiro vinga a
derrota para os europeus na decisão da Copa de 1998. Mas
uma eliminação causaria estrago inédito. Não bastasse o fato
de significar uma queda bastante precoce para um time
megafavorito ao título, um novo revés transformaria a França no maior carrasco do Brasil.
Nenhum país bateu o time
nacional mais do que duas vezes em mata-matas de Copas
-a França já fez isso em 86, nas
quartas-de-final, e na decisão
de 98. Nunca o Brasil ficou três
partidas seguidas sem ganhar
do mesmo rival em Mundiais.
Para evitar tal façanha dos rivais, o time não poderá repetir
o que fez até agora na Copa. E
essa é a opinião do próprio Parreira. "Se não der esse salto [de
qualidade], volta para casa mais
cedo", disse o treinador, ontem.
Para subir esse "degrau", ele
decidiu mudar o time. Parreira
anunciou aos jogadores ontem
que Adriano sairá da equipe para a entrada de Juninho. Também escalará Gilberto Silva no
lugar de Emerson, que treinou
ontem, mas ainda assim vai ser
sacado do time titular por estar
longe da forma ideal. Kaká, outro que reclamava de dores no
joelho após a partida contra
Gana, estará em campo.
"Não enfrentaremos qualquer um, mas um time que foi
campeão do mundo, superexperiente e que cresceu na hora
certa na competição. É fundamental esse passo, em todos os
aspectos: físico, emocional, técnico, tático", disse Parreira, que
não quer deslizes da sua equipe.
"Você não pode errar. É eficiência máxima e erro zero. Errou, você não levanta o troféu.
Então tem que ter essa frieza.
Por isso, experiência é fundamental, para tomar as decisões
corretas na hora do aperto."
O retrospecto ruim diante
dos franceses se repete em outras competições e categorias.
Em 1984, o até agora inédito sonho do ouro olímpico acabou
com uma derrota para os europeus na decisão em Los Angeles. Há cinco anos, a Franca
venceu pela Copa das Confederações, na Ásia. Também em
2001, a França eliminou o Brasil do Mundial sub-17 da Fifa.
"Temos boas lembranças [da
final de 1998]. Espero que isso
continue assim", provoca o volante Patrick Vieira.
O sucesso francês representaria uma goleada de Zidane,
que deixa o futebol após a Copa,
sobre Ronaldo, os dois jogadores de mais destaque no planeta nos últimos dez anos.
Se o Brasil cair, o futebol sul-americano, com a desclassificação da Argentina para a Alemanha, não terá um representante
nas semifinais, o que não acontece desde 1982.
Na véspera do confronto de
Frankfurt, tanto quem esteve
no Stade de France há oito anos
como quem não presenciou
aquele jogo evita falar em sentimento de vingança, apesar da
troca de farpas iniciadas pelo
francês Henry sobre futebol e
educação no Brasil.
"Não existe revanche. Na
verdade, 98 já passou, já ficou
para trás. A França foi campeã
e, naquele dia, foi melhor do
que o Brasil e acabou", disse o
treinador brasileiro, em frase
parecida com as da maioria de
seus comandados.
""Não tem gosto de revanche.
O que passou, passou. Agora é
uma nova final, um outro jogo",
diz Ronaldinho, que teve uma
passagem, sem muito sucesso,
pelo futebol francês, onde defendeu o Paris Saint-Germain.
"Para mim, esse jogo não tem
sabor especial. É uma partida
importante como qualquer outra", diz Roberto Carlos, um
dos seis brasileiros do grupo
atual que estavam no elenco vice-campeão mundial em 1998.
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