São Paulo, sábado, 01 de julho de 2006

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Agora ou nunca

Com time mudado, Brasil joga chance única de revanche e de evitar que França se torne maior algoz

EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A FRANKFURT

A seleção brasileira, segundo Carlos Alberto Parreira, precisa de um "salto" de qualidade para vencer hoje e aproveitar a chance única de revanche da maior derrota de uma geração. Se não conseguir, estará consumada a fama de freguês, o que não combina com um time cinco vezes campeão do mundo.
Por uma vaga nas semifinais da Copa da Alemanha, Brasil, com alterações na escalação, e França se enfrentam hoje, às 16h, no Estádio de Frankfurt.
Um triunfo brasileiro vinga a derrota para os europeus na decisão da Copa de 1998. Mas uma eliminação causaria estrago inédito. Não bastasse o fato de significar uma queda bastante precoce para um time megafavorito ao título, um novo revés transformaria a França no maior carrasco do Brasil.
Nenhum país bateu o time nacional mais do que duas vezes em mata-matas de Copas -a França já fez isso em 86, nas quartas-de-final, e na decisão de 98. Nunca o Brasil ficou três partidas seguidas sem ganhar do mesmo rival em Mundiais.
Para evitar tal façanha dos rivais, o time não poderá repetir o que fez até agora na Copa. E essa é a opinião do próprio Parreira. "Se não der esse salto [de qualidade], volta para casa mais cedo", disse o treinador, ontem.
Para subir esse "degrau", ele decidiu mudar o time. Parreira anunciou aos jogadores ontem que Adriano sairá da equipe para a entrada de Juninho. Também escalará Gilberto Silva no lugar de Emerson, que treinou ontem, mas ainda assim vai ser sacado do time titular por estar longe da forma ideal. Kaká, outro que reclamava de dores no joelho após a partida contra Gana, estará em campo.
"Não enfrentaremos qualquer um, mas um time que foi campeão do mundo, superexperiente e que cresceu na hora certa na competição. É fundamental esse passo, em todos os aspectos: físico, emocional, técnico, tático", disse Parreira, que não quer deslizes da sua equipe.
"Você não pode errar. É eficiência máxima e erro zero. Errou, você não levanta o troféu. Então tem que ter essa frieza. Por isso, experiência é fundamental, para tomar as decisões corretas na hora do aperto."
O retrospecto ruim diante dos franceses se repete em outras competições e categorias. Em 1984, o até agora inédito sonho do ouro olímpico acabou com uma derrota para os europeus na decisão em Los Angeles. Há cinco anos, a Franca venceu pela Copa das Confederações, na Ásia. Também em 2001, a França eliminou o Brasil do Mundial sub-17 da Fifa.
"Temos boas lembranças [da final de 1998]. Espero que isso continue assim", provoca o volante Patrick Vieira.
O sucesso francês representaria uma goleada de Zidane, que deixa o futebol após a Copa, sobre Ronaldo, os dois jogadores de mais destaque no planeta nos últimos dez anos.
Se o Brasil cair, o futebol sul-americano, com a desclassificação da Argentina para a Alemanha, não terá um representante nas semifinais, o que não acontece desde 1982.
Na véspera do confronto de Frankfurt, tanto quem esteve no Stade de France há oito anos como quem não presenciou aquele jogo evita falar em sentimento de vingança, apesar da troca de farpas iniciadas pelo francês Henry sobre futebol e educação no Brasil.
"Não existe revanche. Na verdade, 98 já passou, já ficou para trás. A França foi campeã e, naquele dia, foi melhor do que o Brasil e acabou", disse o treinador brasileiro, em frase parecida com as da maioria de seus comandados.
""Não tem gosto de revanche. O que passou, passou. Agora é uma nova final, um outro jogo", diz Ronaldinho, que teve uma passagem, sem muito sucesso, pelo futebol francês, onde defendeu o Paris Saint-Germain.
"Para mim, esse jogo não tem sabor especial. É uma partida importante como qualquer outra", diz Roberto Carlos, um dos seis brasileiros do grupo atual que estavam no elenco vice-campeão mundial em 1998.


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