São Paulo, sábado, 01 de julho de 2006

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Juca Kfouri

Chora, Argentina

Técnico argentino erra nas alterações, e alemães, mais frios, triunfam

JORNALISTAS são bichos perigosos. Mantenha-se afastado deles, se puder. Eis que este que vos escreve já se preparava para escrever uma coluna com o título "Lágrimas de alegria", na qual se daria por muito feliz ao ter errado a previsão de ontem, sob o título "Argentina chorará". E diria ainda que, felizmente, José Perkeman havia se convencido a entrar com Tevez desde o começo, o que fez diferença. Só que os técnicos são assim. Nunca fazem tudo o que a gente quer. E o argentino errou quando fez as substituições depois do gol de Ayala. E chamou a Alemanha para agredir seu time, uma Alemanha que estava desnorteada em campo, incapaz de se impor diante do superior toque de bola dos hermanos. Em vez de Saviola, Aymar ou Messi no lugar de Crespo, ele tirou Riquelme e pôs Cambiasso. Ao substituir o inútil poste, botou outro centroavante do mesmo estilo. Em resumo: convidou os alemães para dançar e estes, mais em ritmo de valsa, toparam. Até empatar com o encantado Klose, que nada fizera até então. Na prorrogação, a Argentina já não tinha força para fazer um gol. E, nos pênaltis, a frieza anglo-saxã prevaleceu diante do emocional latino. Num script conhecido, o herói Ayala perdeu sua cobrança, e a tradição germânica prevaleceu, sem ajuda do árbitro, que não deu pênalti discutível em Maxi Rodríguez nem um claro de Ayala em Ballack.
Agora teremos uma semifinal também de peso, entre os tricampeões alemães e italianos. Porque estava escrito há quase um século que a Itália saberia ganhar da Ucrânia, com sofrimento ou sem.
E não pense o raro leitor ou leitora que, depois do alerta sobre o perigo que nós, jornalistas, representamos, estou aqui a encher lingüiça para não fazer uma previsão sobre o jogo que mais nos interessa, contra a França.
Porque juntei crédito suficiente até para errar, invicto que estou na Copa. Ocorre que, se tenho certeza de que a seleção fará seu melhor jogo, tenho também medo do juiz. Razão pela qual me dou ao direito de ficar no muro. Não falei para não confiar?


blogdojuca@uol.com.br

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