|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Treinador da França põe pressão sobre o juiz
Sem ser questionado, Domenech fala
sobre espanhol, que falhou nas oitavas
FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT
Depois das reclamações de
Gana de que o Brasil foi favorecido pela arbitragem nas oitavas-de-final por ser uma potência do futebol, uma nova pressão paira sobre a Fifa e sobre o
mediador do jogo da seleção.
Numa provocação travestida
de apoio, o técnico da França,
Raymond Domenech, afirmou
ontem que o juiz espanhol Luis
Medina Cantalejo atuará hoje à
sombra do erro cometido no jogo Itália 1 x 0 Austrália, na fase
de oitavas-de-final.
Uma falha do árbitro nos
acréscimos deu a vitória à tradicional Itália sobre os azarões
australianos. O jogo estava 0 a 0
aos 50min do segundo tempo,
quando o lateral italiano Grosso tropeçou no zagueiro Neill e
caiu na área. Cantalejo marcou
o pênalti, a Itália converteu e se
classificou às quartas-de-final.
Se o jogo fosse para a prorrogação, a Austrália teria vantagem,
por ter um homem a mais.
A estratégia de Domenech
para pressionar o espanhol foi
curiosa. Ao final da entrevista
coletiva de ontem, enquanto os
jornalistas se levantavam para
ir embora, ele falou: "Vocês não
me perguntaram nada sobre o
árbitro... Não duvido da honestidade dele e faço questão de dizer que não lhe demos presente
algum, mas colocá-lo numa situação assim, dizendo que
qualquer decisão dele será
manchada pelo jogo anterior,
não me parece bom. Acho que
colocaram uma pressão desmedida sobre ele".
Disse, levantou e foi embora.
No jogo contra Gana, além de
um erro a favor do Brasil
(Adriano marcou o segundo gol
impedido), o árbitro eslovaco
Lubos Michel irritou os ganenses porque pediu a camisa de
Ronaldo ao final da jogo.
O sarcasmo de Domenech
em relação à arbitragem difere
do tom respeitoso com que jogadores do time trataram do tema. "Eles são a garantia da justiça dentro do campo, então temos de respeitá-los", declarou o
zagueiro Thuram.
Já o atacante Henry, questionado pela Folha se a França temia a arbitragem, observou:
"Desistimos de nos preocupar
[com a arbitragem] depois do
primeiro jogo. Não adianta reclamar, e sabemos que não é fácil a vida de juiz".
E defendeu o juiz que pediu a
camisa do artilheiro brasileiro.
"Talvez tenha sido a única vez
na vida que ele tenha tido
chance de pedir a camisa do
Ronaldo. Não vejo nada demais", afirmou.
Os pênaltis têm sido sinônimo de erros nesta Copa. Mas os
franceses disseram não ter
treinado cobranças no treinamento de ontem (aberto para a
imprensa somente nos primeiros 15 minutos).
"Depois de duas horas de jogo, com a pressão do público e
pelo resultado, nem sempre os
mais aptos têm condições de
chutar", disse Domenech.
"Como é impossível tirar o
estresse e o cansaço dos jogadores, será a experiência deles
o que definirá o nome dos cobradores", completou ele.
Texto Anterior: Juca Kfouri: Chora, Argentina Próximo Texto: Pilar atrás, Vieira brilha na frente Índice
|