São Paulo, sábado, 01 de julho de 2006

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Inglaterra vai à guerra sem Churchill

Eriksson usa líder inglês como exemplo do que não usará para motivar seus atletas, após ser comparado com Scolari

Treinador afirma gostar de colega brasileiro, mas diz que não chega a admirá-lo nem se sente em um desafio pessoal quando o enfrenta


RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A GELSENKIRCHEN

A Inglaterra está pronta para a guerra contra Portugal hoje, em Gelsenkirchen, pelas quartas-de-final da Copa do Mundo, mas não terá para isso a inspiração de um de seus maiores líderes, o premiê Winston Churchill (1874-1965).
Ontem, Sven-Göran Eriksson, técnico da equipe, que é criticado por não ser motivador como Luiz Felipe Scolari, desarmou a imprensa inglesa ao não levantar a bandeira do lendário político e autor.
""Inspiro sim os jogadores. Serei o que sempre tenho sido. Não vou ler Winston Churchill hoje à noite [ontem à noite] nem tentarei ser ele", afirmou o treinador sueco, que pode se despedir hoje do English Team.
Churchill ficou famoso como premiê britânico na Segunda Guerra Mundial, mas ganhou o Prêmio Nobel de Literatura por suas memórias de guerra e seu trabalho jornalístico. É o líder moderno dos ingleses.
Eriksson teve que responder ontem até sobre sua falta de pulso na derrota de 2 a 1 para o Brasil nas quartas-de-final da Copa passada. Segundo Gareth Southgate, ex-jogador da seleção que hoje é manager do Middlesbrough, Eriksson teria passado pouca inspiração ao time no intervalo daquele jogo.
""Falei no intervalo contra o Brasil, era isso o que Southgate esperava? Não sei o que dizer dessa história hoje. Tudo depende de como o jogo está e de como atuamos nos primeiros 45 minutos", disse Eriksson -em 2002, a Inglaterra saiu na frente e foi para o vestiário com um empate, mas levou a virada.
Para hoje, se Scolari esconde a escalação de Cristiano Ronaldo, Eriksson decidiu ontem deixar as armas à mostra. O meia Frank Lampard sentia dores no tornozelo, mas foi confirmado no jogo. O lateral Gary Neville também ficou sabendo que vai para a batalha.
""Ele está bem e irá jogar", respondeu o sueco tanto sobre Lampard quanto sobre Neville. Hargreaves atuará no meio, com Rooney sozinho na frente.
O estilo de jogo também está claro. ""Não mando meus jogadores a campo falando para eles jogarem feio. Somos um time forte, queremos dar carrinhos, mas temos fair play, como Portugal. Não estou completamente feliz com a forma que estamos jogando, mas estou feliz com os resultados", disse o comandante do English Team, que tem buscado passar otimismo à imprensa e à torcida.
O sueco teve mais uma vez que responder sobre o duelo com Scolari. Foi indagado se gostava dele e se o admirava.
"Gosto dele. Admirá-lo? Aí já é demais. Eu o respeito, venceu uma Copa com o Brasil. Mas não é Eriksson x Scolari, é Inglaterra x Portugal. Não penso que minha reputação está em jogo [se perder]. Tenho 30 anos de trabalho no futebol."
Se Felipão pensa em fazer do estádio de Gelsenkirchen uma ""Bombonera", que ele fique sabendo que seu rival está muito satisfeito com o campo e bem adaptado à moderna arena.
""Estou muito feliz porque o estádio é frio, evita o sol [seu teto estará fechado]. Será bom para nós. E para Portugal", disse ele, satisfeito por seu time não sofrer com o calor alemão -o jogo começa às 17h locais.
Depois do primeiro jogo, a Inglaterra reclamou do excesso de calor e pediu mais água em campo para os jogadores. Contra o Equador, nas oitavas, a alta temperatura levou o capitão Beckham a passar mal e vomitar em campo.


NA TV - Inglaterra x Portugal Globo, Bandsports, Sportv, Directv e ESPN Brasil, ao vivo, às 12h

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