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José Roberto Torero
A hora da vingança!
Talvez aquele 3 a 0 seja a maior derrota do nosso futebol desde a final de 50
SIM, HOJE é o dia da
vingança.
O leitor pacífico e a
pacifista leitora talvez não
gostem deste termo, mas
essa não é a regra nos bares aqui de Frankfurt. Por
estes dias ouvi brasileiros
cantando hinos como "Orrevoá, mercibocu, a França vai tomar...", trocadilhos como "os franceses
não gostam de banho, mas
vão levar um banho de bola", e ameaças do tipo "Vamos devolver os 3 a 0 com
juros e correção!".
Aliás, aquele 3 a 0 talvez
seja a grande derrota do
futebol brasileiro desde a
final contra o Uruguai.
Parreira e seus jogadores vão dizer que não há
nada desse negócio de vingança, que este é outro jogo, outra história. Mas nós
sabemos que não é bem
assim. Para começar, os
dois protagonistas daquele jogo estarão novamente
em campo: Zidane, o herói
de lá, e Ronaldo, o herói de
cá que tombou lá.
Querer a vingança faz
parte do ser humano. Ela
nos traz um certo ar de
justiça. É a vitória do mocinho sobre o vilão no último minuto do filme, é a reviravolta que traz a ordem
de volta ao mundo.
Sem ela não teríamos
obras como "Otelo", em
que Iago tenta se vingar de
seu comandante mouro,
não teríamos "Hamlet",
que quer se vingar do tio, e
"Grande sertão: veredas",
em que Diadorim quer
matar Hermógenes, assassino de seu pai.
Sem falar que é por vingança que Deus expulsa
Adão e Eva do Paraíso.
Ou seja, desde a mais antiga das histórias, ela, a
vingança, está presente.
É um desejo natural e
um prazer raro.
Mas, para que isso aconteça, o Brasil precisa melhorar muito, como admite o próprio Parreira.
Caso contrário, Zidane
será consagrado como
nosso maior carrasco e
Ronaldo sairá de campo
cabisbaixo, duas vezes
derrotado. Em vez de Zizou fazer sua última partida, será Ronaldo quem estará se despedindo das Copas. Em vez de o mocinho
empinar seu cavalo branco e sair galopando pela
campina, vai cair dele.
A sabedoria popular diz
que "a vingança é um prato que se come frio". Tomara que a seleção esteja
com apetite.
torero@uol.com.br
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