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Abertura do Engenhão ressuscita tradições
Torcedores que estavam afastados do futebol vão ao estádio com as famílias
Presença constante nos grandes jogos no país até os
anos 70, banda marcial dos fuzileiros navais toca no gramado por quase 1 hora
ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
FABIO GRIJÓ
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A inauguração do Estádio
Olímpico João Havelange ressuscitou ontem uma série de
torcedores e tradições do futebol brasileiro. A festa tomou
conta do Engenhão, como é
chamado o estádio pelos cariocas, em referência ao bairro que
o abriga, Engenho de Dentro,
na zona norte do Rio.
Famílias inteiras foram assistir ao jogo entre Botafogo e
Fluminense, pelo Campeonato
Brasileiro. Com dois gols de
Dodô, os alvinegros venceram o
clássico "vovô", por 2 a 1 e estão
na liderança do Brasileiro.
Até a Banda Marcial dos Fuzileiros Navais, tradição em
grandes partidas no país até os
anos 70, se apresentou no gramado do novo estádio por quase uma hora. As quatro entradas do estádio serviram como
cenário para milhares de torcedores, que faziam questão de tirar fotografias.
"Este dia será inesquecível.
Além de ver toda esta beleza,
nunca assisti um jogo com o
meu neto. Por isto, obriguei todos os meus parentes a posarem para esta foto", disse Candido Matoso, 64, ao lado de
quinze parentes em frente ao
portão da ala sul.
Ele não pisava num estádio
de futebol desde a final do
Campeonato Brasileiro de
1992, quando parte do alambrado da arquibancada do Maracanã despencou. Na ocasião,
torcedores do Flamengo morreram. Matoso mora no Méier,
bairro vizinho ao estádio.
Na arquibancada, até um bebê era amamentado pela mãe,
no lado da torcida do Fluminense, no segundo tempo.
A inauguração do Engenhão
atraiu torcedores de outros clubes. "Já havia me aposentado
do futebol por causa da violência, mas quando meus filhos me
deram o ingresso não podia
deixar de ver isto aqui. Espero
que este clima de paz continue", disse o vascaíno Milton
Resende, 71, que foi ao estádio
de trem com mais de 10 familiares, inclusive três crianças.
Outro a ir de trem foi o presidente do Flamengo, Márcio
Braga. "Tudo foi aprovadíssimo, uma maravilha", declarou
Braga, que viajou ao lado de
torcedores rivais. "A viagem foi
ótima. Tirei fotos com vários."
O Flamengo foi o único clube
carioca a pegar o edital de licitação do Engenhão até agora.
Os dois que jogaram ontem já
demonstraram interesse na administração do estádio.
Projetado como um estádio
"inteligente", o Engenhão ofereceu aos torcedores tecnologia semelhante aos dos estádios
da última Copa do Mundo. O
estádio foi construído para o
Pan, que será aberto no dia 13.
"A alegria é enorme. Esta
inauguração marca uma diferença em eventos esportivos no
país. Mesmo assim, apesar de
toda as novidades tecnológicas
do estádio, vivemos um clima à
moda antiga antiga, o que foi
bárbaro. Ressuscitamos até a
tradição da banda dos Fuzileiros Navais", disse o secretário
municipal de obras, Eider Dantas, um dos responsáveis pela
obra, que consumiu R$ 380 milhões dos cofres públicos.
O prefeito do Rio, César Maia
(DEM), era uma dos mais emocionados. "O coração já bateu
forte várias vezes. É muita
emoção. Este é um estádio do
carioca, do Rio de Janeiro, e
uma referência no esporte
mundial a partir de hoje", disse
Maia, torcedor do Botafogo.
O "inteligente" Engenhão
saiu 533% mais caro do que o
previsto inicialmente. Em
2003, a prefeitura publicou no
"Diário Oficial do Município"
que custaria R$ 60 milhões.
Na saída, houve confusão entre a PM e torcidas organizadas
do Fluminense fora do estádio.
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