São Paulo, domingo, 01 de julho de 2007

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Abertura do Engenhão ressuscita tradições

Torcedores que estavam afastados do futebol vão ao estádio com as famílias

Presença constante nos grandes jogos no país até os anos 70, banda marcial dos fuzileiros navais toca no gramado por quase 1 hora

ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

FABIO GRIJÓ
SÉRGIO RANGEL

DA SUCURSAL DO RIO

A inauguração do Estádio Olímpico João Havelange ressuscitou ontem uma série de torcedores e tradições do futebol brasileiro. A festa tomou conta do Engenhão, como é chamado o estádio pelos cariocas, em referência ao bairro que o abriga, Engenho de Dentro, na zona norte do Rio.
Famílias inteiras foram assistir ao jogo entre Botafogo e Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro. Com dois gols de Dodô, os alvinegros venceram o clássico "vovô", por 2 a 1 e estão na liderança do Brasileiro.
Até a Banda Marcial dos Fuzileiros Navais, tradição em grandes partidas no país até os anos 70, se apresentou no gramado do novo estádio por quase uma hora. As quatro entradas do estádio serviram como cenário para milhares de torcedores, que faziam questão de tirar fotografias.
"Este dia será inesquecível. Além de ver toda esta beleza, nunca assisti um jogo com o meu neto. Por isto, obriguei todos os meus parentes a posarem para esta foto", disse Candido Matoso, 64, ao lado de quinze parentes em frente ao portão da ala sul.
Ele não pisava num estádio de futebol desde a final do Campeonato Brasileiro de 1992, quando parte do alambrado da arquibancada do Maracanã despencou. Na ocasião, torcedores do Flamengo morreram. Matoso mora no Méier, bairro vizinho ao estádio.
Na arquibancada, até um bebê era amamentado pela mãe, no lado da torcida do Fluminense, no segundo tempo.
A inauguração do Engenhão atraiu torcedores de outros clubes. "Já havia me aposentado do futebol por causa da violência, mas quando meus filhos me deram o ingresso não podia deixar de ver isto aqui. Espero que este clima de paz continue", disse o vascaíno Milton Resende, 71, que foi ao estádio de trem com mais de 10 familiares, inclusive três crianças.
Outro a ir de trem foi o presidente do Flamengo, Márcio Braga. "Tudo foi aprovadíssimo, uma maravilha", declarou Braga, que viajou ao lado de torcedores rivais. "A viagem foi ótima. Tirei fotos com vários."
O Flamengo foi o único clube carioca a pegar o edital de licitação do Engenhão até agora. Os dois que jogaram ontem já demonstraram interesse na administração do estádio.
Projetado como um estádio "inteligente", o Engenhão ofereceu aos torcedores tecnologia semelhante aos dos estádios da última Copa do Mundo. O estádio foi construído para o Pan, que será aberto no dia 13.
"A alegria é enorme. Esta inauguração marca uma diferença em eventos esportivos no país. Mesmo assim, apesar de toda as novidades tecnológicas do estádio, vivemos um clima à moda antiga antiga, o que foi bárbaro. Ressuscitamos até a tradição da banda dos Fuzileiros Navais", disse o secretário municipal de obras, Eider Dantas, um dos responsáveis pela obra, que consumiu R$ 380 milhões dos cofres públicos.
O prefeito do Rio, César Maia (DEM), era uma dos mais emocionados. "O coração já bateu forte várias vezes. É muita emoção. Este é um estádio do carioca, do Rio de Janeiro, e uma referência no esporte mundial a partir de hoje", disse Maia, torcedor do Botafogo.
O "inteligente" Engenhão saiu 533% mais caro do que o previsto inicialmente. Em 2003, a prefeitura publicou no "Diário Oficial do Município" que custaria R$ 60 milhões.
Na saída, houve confusão entre a PM e torcidas organizadas do Fluminense fora do estádio.


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