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Mães deixam, e softbol mostra cara
Idéia inspirada no calendário em que atletas australianos posaram nus às vésperas de Olimpíada desafia falta de verbas
Confederação aproveita Pan e, com fotografias sensuais, promove atletas, todas de origem japonesa, a relações-públicas da modalidade
Otavio Dias
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Integrantes da seleção brasileira de softbol que disputará os Jogos Pan-Americanos do Rio, neste mês, posam em São Paulo
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Meu "ditian" reclamava
quando eu saía à rua com um
vestido mais curto", lembra a
jovem Simone ""Ninja" Suetsugo, 18.
A reação do "ditian", ou melhor, do avô de Simone reforça
o estereótipo de reservado da
comunidade japonesa. Clichê
que, com fotos sensuais, as atletas da seleção nacional de softbol, como ela, querem afastar
para popularizar o esporte.
Quem as vê em campo, em
seus largos uniformes, luvas e
apetrechos de softbol, que escondem suas curvas, não irá reconhecê-las no catálogo de fotos produzidas em estúdio, com
cabelos esvoaçantes, pouca
roupa, salto alto e com direito
até a ""making of" em DVD.
Inspirado no provocativo álbum que registrou atletas australianos nus antes de Sydney-00, o kit é visto pela Confederação Brasileira de Beisebol e
Softbol como o passo inicial para popularizar a modalidade.
""Nunca fiz algo assim. É
complicado. Sorrir na hora certa, as poses. Você não sabe se
está legal. Mas adorei", disse Simone Sayuri Miyahira, 23 anos,
1,68 m e 64 kg, após o ensaio,
que inicialmente seria publicado em álbum de 16 x 24 cm.
A idéia foi comprada por um
só patrocinador e, por razões financeiras, virou um catálogo e
um guia para a imprensa.
O kit, cujo lançamento acontece na quarta-feira, em SP, será distribuído à mídia e utilizado em ações institucionais.
A entidade quer aproveitar a
visibilidade oferecida pelo Pan,
já que se trata da estréia da seleção nacional -totalmente integrada por descendentes de japoneses- na competição, para
apresentar a modalidade e a
""cara" do esporte ao público.
A jornalista Annike Limborço, 27, contratada pela confederação para coordenar o trabalho, tinha dúvidas sobre a reação das atletas à idéia, já que
""tradicionalmente a comunidade japonesa é reservada".
O conceito do projeto australiano, apesar de aventado, foi
descartado. Mesmo ao ouvir
que ""os australianos tiraram
tudo, mas mostraram nada", alguns pais torceram o nariz.
Esse foi o caso de Alice Sugino, 52, mãe de Patrícia, atleta
que participou do ensaio.
Dias antes das fotos, ao ser
questionada pela Folha sobre o
que achava de a filha posar seminua, perguntou, preocupada: ""Espera aí. De que fotos você está falando?".
A reportagem foi orientada a
não usar o termo ""seminuas"
ao falar com os pais. Alice, que
acompanhou a filha Patrícia no
ensaio, reprovou a iniciativa
australiana. ""Podem ter feito
isso lá [na Austrália]. Mas não
casa, acho que não casa."
Pais zelosos e namorados
mais ciumentos convencidos, a
idéia do ensaio acabou sendo
aceita. Descontraídas, em reunião que antecedeu o projeto,
jogadoras comentaram, em
tom de brincadeira, que ""pelo
bem do softbol tiraria a roupa"
ou ""a "Playboy" fará convite".
As brincadeiras foram mais
convincentes do que se imaginava. O fotógrafo do projeto,
Otávio Dias de Oliveira, achava
que as fotos seriam de nus até
duas semanas antes da sessão.
""Nos inspiramos nos australianos, mas a comunidade [japonesa] é recatada, conservadora. Seria difícil vender a idéia
da nudez. Mas fizemos fotos
ousadas", disse Jorge Otsuka,
60, presidente da federação.
""O ensaio está bonito. Serve
para mostrar que elas são meninas comuns, bonitas, como
quaisquer outras", avaliou Alice, em um segundo momento.
Segundo Annike, esse é um
dos objetivos do ensaio, ""desmistificar certos dogmas".
Para selecionar quem participaria do ensaio, além de critérios estéticos, foram consideradas as respostas a um questionário dado pela produção.
""Queremos que essas meninas sejam uma espécie de relações-públicas do esporte para
com a mídia, o público. Chamará a atenção, mas o projeto tem
objetivos de longo prazo. Por
isso foi importante observar
como se expressam, o compromisso que têm com o esporte",
analisou a jornalista.
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