São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2011

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Rio só compra de parceiro olímpico

2016
Com previsão de receber recurso público, comitê vai favorecer contratações de patrocinadores do COI


RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

O comitê organizador dos Jogos de 2016 vai favorecer patrocinadores olímpicos nas contratações de produtos e serviços para o evento.
A regra está no contrato assinado com o COI (Comitê Olímpico Internacional), que controla os Jogos, e também valeu para Londres-2012.
O orçamento da Rio-2016 prevê o uso de R$ 1,6 bilhão em dinheiro público, dividido entre União, Estado e Prefeitura do Rio. O valor está atualizado pela inflação.
O comitê afirma que "não há previsão" de receber recursos públicos e que o valor só será usado se não houver fundos privados suficientes para arcar com os gastos.
Mas, no documento de candidatura do Rio, os governos garantem financiar o comitê. Há até cronograma de desembolsos. E até agora não há rendas privadas suficientes para cobrir todo o gasto previsto, de R$ 6,5 bilhões.
Essas despesas da Rio- -2016 têm de ser feitas segundo o contrato olímpico.
É nesse documento que, na cláusula 49, está escrito que o comitê organizador "se compromete a satisfazer qualquer e todas as suas necessidades por produtos e serviços dentro das categorias de produtos e serviços dos patrocinadores do programa internacional desse respectivo patrocinador".
"Nossos patrocinadores têm preferência quando podem fornecer os produtos. Mas, se não puderem, pode haver concorrência", disse à Folha o presidente da comissão de marketing do COI, Gerhard Heiberg.
Apesar de baseado na Lei de Licitações brasileira, o manual de compras do comitê da Rio-2016 prevê a exclusividade de produtos dos patrocinadores. Na prática, isso significa que o comitê organizador só poderá contratar uma empresa em 11 categorias, número total de parceiros internacionais do COI.
É certo, por exemplo, que refrigerante e água só poderão ser da Coca-Cola, cujo contrato vai até 2020.
A área de tecnologia da informação é a que tem o maior número de patrocinadores. São quatro -Atos Origin, Samsung, Acer e Panasonic- para produtos como telefones, wireless, televisores e tecnologia em geral.
"O contrato [com os patrocinadores] inclui partes em dinheiro e partes em mercadorias", disse Heiberg. Assim, alguns produtos e serviços para a organização dos Jogos serão dados pelo COI.
Ainda assim, o orçamento da Rio-2016 prevê gastos de R$ 1,1 bilhão com sistema de informação, com telecomunicação e com internet.
Para o Pan-2007, o Ministério do Esporte contratou, com concorrência, a Atos Origin para a área de tecnologia a um custo de R$ 140 milhões. O TCU (Tribunal de Contas da União) apontou que seu sistema de credenciamento não funcionou.
As contratações feitas pela APO (Autoridade Pública Olímpica), órgão dos governos que tocará obras da Rio-2016, estão liberadas de regras em favor de patrocinadores. "O governo é livre para escolher fornecedores. Se nos perguntarem, vamos recomendar patrocinadores", declarou Heiberg.


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