CARLOS RENNÓ
ESPECIAL PARA A FOLHA

Se o jogo de sábado contra o Santos tiver sido o último de Ricardinho pelo Corinthians, ele terá feito uma despedida inesquecível, só por um lance. A sua jogada que resultou, àquela altura, no empate do Timão contra o Peixe foi, como disse Parreira, "uma masterpiece": uma obra-prima.
Recebendo quase na linha de fundo, num canto da grande área, uma bola lançada por Kléber da lateral e na intermediária, Ricardinho, entre dois santistas, tocou de calcanhar para trás e para o meio, num vazio em que (ele sabia que) Gil apareceria para cruzar para Gilmar, que estreava, finalizar livre e serenamente.
Que toque e que beleza de gol! Pode ter fechado com chave de ouro a atuação de uma ala esquerda que já deixou sua marca na história recente do alvinegro, de importância decisiva nas últimas conquistas: Kléber-Ricardinho-Gil. Quanto ao meia, não será fácil a Fiel assimilar a sua saída. Cacá Rosset vai chorar.
Nenê também fez um belo gol (um chute no ângulo, após entrar na área, vindo de uma sequência de dribles desde a intermediária) para o Palmeiras contra o Paysandu no domingo. Nem o dele nem o de Ricardinho adiantaram: seus times perderam por 3 a 1. Mas o que importa? Seus gols foram lindos. Gol é orgasmo. Golaço, então, é orgasmo múltiplo...
Por falar em gol, começam hoje as semifinais do campeonato de futebol mais engraçado do Brasil: o "Rockgol" (há um "ó que gol" embutido no nome), da MTV. Todo ano o programa reúne equipes formadas no meio musical numa competição em que artistas tentam se revelar uns "talentos" também na área esportiva. "Cadê o futebol-arte?", grita um bordão.
Nesta oitava edição, Supla está sendo uma das sensações, como assistente e artilheiro. Andreas e Igor Cavalera têm mostrado raça. Pedro Mariano bate bem. Nasi e Zoli levam frangaços incríveis.
Max de Castro passou a ser apontado como uma das revelações, autor que foi de dois lances antológicos. Num, ele deu uma assistência perfeita para o atacante marcar; no outro, surpreendeu o goleiro com um toque sutil, e a bola foi morrer no cantinho. Que gols! Detalhe: ambos foram contra a sua meta... Contra!
Há jogos que são mesmo ruins de doer. Mas aí entra o desempenho dos apresentadores, o "narrador" Paulo Bonfá e o "comentarista" Marco Bianchi. A dupla satiriza, parodia, parafraseia, goza os locutores esportivos mais conhecidos da mídia, empregando um humor às vezes tão besta que faz rir. Imprevisíveis, eles chegam a abandonar a cobertura do jogo, com diálogos irresistíveis. O resultado geral é imperdível, impagável, impossível, impublicável.
É mais ou menos como assistir a jogos da várzea, só que aqui a transmissão do futebol, de quinta categoria, constitui também um (bom) programa de humor.
Ao mesmo tempo, chamam a atenção a garra e a vontade maiores do que em muitos profissionais dos "atletas". Alguns não só jogam duro, mas violentamente, e ameaçam brigar, caso de Otto. É interessante ver a vibração dos músicos quando fazem gol.
O próprio Otto já protagonizou com André Abujamra uma cena chocante. Depois de passar por Edgar Scandurra e marcar um lindo tento, ele correu e saltou, com todo seu peso, para abraçar o gordíssimo líder do Karnak, num emocionado encontro de grandes barrigas no ar. Gol é etc. etc.

Semifinal 1
A primeira semifinal do "Rockgol" reúne hoje Os Comédia e Os Rockers F.C. Aqueles vêm com Supla, Max de Castro e músicos do grupo Charlie Brown Jr. E os roqueiros têm Vinny, integrantes do Tihuana e do CPM 22.

Semifinal 2
A segunda semifinal do torneio acontecerá terça-feira próxima, entre o Ranca Toco F.C. e o Comunidade Natidanja. Respectivamente: Pedro Mariano, Simoninha, gente do Sepultura e do Falamansa, contra Jairzinho, componentes do Natiruts e do Comunidade Nin-Jitsu.

Horário e final
Os jogos do "Rockgol" passam sempre às 23h, de terça a quinta. Na quarta que vem acontecerá a disputa pelo terceiro lugar e uma partida de futebol feminino (um dos times formado de modelos da Ford). A final será na quinta.

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