DO ENVIADO A TÓQUIO

A dificuldade de judocas em controlar o peso dentro dos limites de suas categorias antes de Olimpíadas era fato recorrente na equipe nacional. Que, por sinal, já foi até glamourizado por alguns competidores.
Na véspera de conquistar a segunda medalha de ouro da história do judô brasileiro, em 1992, Rogério Sampaio passou o dia todo só com uma maçã no estômago. Isso acabou criando a falsa idéia de que perder peso logo antes de lutar não era uma estratégia tão arriscada.
Há quatro anos, em Atenas, houve descontrole. Reservadamente, membros da delegação que foi à Grécia comentam que ao menos dois judocas apelaram para desidratação às pressas a fim de atingir o limite mínimo para competir. Precisaram até tomar soro antes de lutar. E acabaram competindo enfraquecidos.
Os envolvidos naquele episódio não tiveram seus nomes revelados, mas o peso-médio Carlos Honorato, que não foi um deles, acabou identificado com o descontrole com o peso.
À época credenciado pela prata em Sydney-2000 e pelo bronze no Mundial de 2003, ele chegou à Grécia apontado pela Federação Internacional de Judô como maior favorito ao ouro nos 90 kg, mas não conseguiu repetir na Olimpíada o que fizera durante a temporada.
Mais tarde, o desempenho aquém do ideal foi atribuído principalmente à inadequada e apressada perda de peso antes de lutar.
À óbvia exceção das categorias sem limite máximo de peso, via de regra, nas modalidades de luta, os atletas tendem a competir com peso abaixo do que têm fora do período competitivo.
O principal exemplo é o boxe profissional, em que as pesagens ocorrem nas noites que antecedem os combates. O baiano Acelino "Popó" Freitas chegava a perder até 10 kg para atingir o limite dos superpenas (58,9 kg), classe em que conquistou seu primeiro título mundial. Na luta, ele já exibia de quatro a cinco quilos a mais.
No judô, a pesagem acontece na manhã do dia da competição.
(LF)

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