|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cofres públicos bancam 63% do Athina Onassis
Elitizado, concurso de hipismo recebe investimento de R$ 9,5 milhões dos governos municipal e estadual do Rio
Realizada pela 1ª vez na capital fluminense, etapa nacional do circuito mundial tem ingressos que variam entre R$ 100 e R$ 16 mil
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Dirigido à elite nacional, o
Concurso de Saltos Athina
Onassis, cujo início foi adiado
para hoje, recebeu R$ 9,5 milhões dos governos estadual e
municipal do Rio de Janeiro.
Ou seja, os cofres públicos bancam quase dois terços do custo
da competição, cujos ingressos
vão de R$ 100 a R$ 16 mil.
Esse valor seria suficiente
para pagar, por um ano, o Bolsa
Atleta (programa do governo
federal) a 317 atletas nas categorias olímpica e paraolímpica.
Para realizar o Athina Onassis pela primeira vez no Rio, o
gasto total, privado e público, é
de R$ 15 milhões. Transferido
de São Paulo, o evento foi idealizado em 2007 pelo cavaleiro
brasileiro Álvaro Affonso de
Miranda Neto, o Doda.
Ele trouxe para o Brasil uma
das etapas do Global Champions Tour, principal circuito
mundial do hipismo. A etapa
brasileira ganhou o nome de
Athina Onassis, casada com
Doda e uma das mulheres mais
ricas do mundo, com fortuna
avaliada em R$ 2 bilhões.
Com essa grife, o evento nunca teve dificuldade para atrair
patrocinadores. Neste ano, são
14 empresas, entre elas, Bradesco, Gerdau e Coca-Cola.
Não é à toa. O público é formado pela elite do país. As arquibancadas custam R$ 100, e
os camarotes, R$ 250 por dia.
Uma mesa para oito pessoas sai
por R$ 16 mil pelos três dias.
No evento, há loja da Daslu,
boate e restaurantes de primeira linha. A sede é a Sociedade
Hípica Brasileira, reformada a
um custo de R$ 2 milhões.
"É AA [o público] pelo interesse do esporte", contou o sócio da Aktuell Rodrigo Rivellino, um dos organizadores do
evento. Ele admite que o perfil
dos espectadores é essencial
para atrair os patrocinadores.
"Onde encontro um evento
com 12 mil pessoas com esse
target [alvo]? É difícil, né?"
Mas não dispensa dinheiro
público. Assim que desistiu de
São Paulo, a organização recorreu aos governos do Rio.
O investimento do Estado,
que corresponde à metade do
custo total, foi obtido via lei estadual de incentivo ao esporte.
Parecida com sua versão nacional, prevê a renúncia fiscal.
"Fomos procurados pelos organizadores no início do ano
com o interesse de realizar o
evento no Rio. Garantimos todo o apoio necessário, inclusive
logístico", disse a assessoria da
secretaria de Esporte.
A prefeitura também ajudou
com R$ 2 milhões, que serão
usados na premiação, além de
apoio com infraestrutura.
"O evento traz pontos para o
evento olímpico [Rio-2016]. E é
incentivo ao turismo", explicou
o presidente da Riotur, Antonio
Pedro Figueira de Mello.
Em 2008, o Athina Onassis
foi beneficiado pela lei federal
de incentivo ao esporte. Um
projeto dava R$ 3,2 milhões para as competições de salto em
São Paulo, entre elas a etapa do
circuito mundial. O custo total
também era de R$ 15 milhões.
"Este ano ficou meio corrido.
Mas, no próximo, acho que vamos ver um projeto [para usar a
lei federal]", afirmou Rivellino.
Segundo artigo da lei, não é
permitido que um projeto com
reconhecida capacidade de obter patrocínios recorra à renúncia fiscal. Os apoios dos governos do Rio devem ser mantido em 2010, pois o torneio fica
na cidade por dois anos.
Texto Anterior: Maiôs: Era dos "high-tech" termina em 1º de janeiro, anuncia a Fina Próximo Texto: Governos mencionam benefícios Índice
|