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Simplesmente Adilson
Técnico trabalha com treinos complexos, é detalhista
e gosta de jogos psicológicos, mas humor varia com a pressão no clube
DE SÃO PAULO
Jorge Henrique se prepara
para cobrar um pênalti. É
treino corintiano. Ao seu lado, o técnico Adilson Batista
lhe dá instruções da melhor
forma de bater. Apita e comenta o desempenho. Só vai
escolher o batedor após outros chutarem a gol.
O novo treinador corintiano é detalhista. A tal ponto
que é capaz de inventar treinamentos ou tramas psicológicas complexas.
Sua prática de dois toques
não pode ter simplesmente
dois times em disputa pela
bola. Há cinco golzinhos espalhados na parte do campo
usada com esse objetivo.
"Já tinha feito com o [o técnico] Galo. Ajuda a compactar o time e obriga o time a
dar duas ou três opções de
passe a quem tem a bola", explica o meia Bruno César.
O exercício de cruzamentos na área não envolve apenas o rotineiro lançamento
ao fundo e uma bola alçada
na área. Um jogador é posicionado no meio da jogada
para fazer um corta-luz.
No campo, Adilson costuma falar baixo e próximo ao
jogador. Quem se encarrega
dos gritos motivadores é seu
auxiliar Ivair Andrade.
Os treinos coletivos, pelo
menos às vésperas de jogos
decisivos, são escondidos.
Adilson não revela seu time com antecedência, mas
não deixa os jornalistas sem
pistas. Solta dicas no ar e estimula os repórteres a tentar
descobrir suas intenções.
Questionado, diz que
"adora" três zagueiros. Deixa
escapar nomes de possíveis
titulares: Dodô, Danilo, Paulo André... "Não vai ser muito
diferente do que vocês viam
com o Mano", minimiza.
Acompanha de perto artimanhas do adversário. Tanto
que lembra de Luiz Felipe
Scolari, seu rival hoje, falando aos palmeirenses antes de
jogo da Libertadores, em que
pede provocações a Edilson.
"Deixou a janela aberta
para vocês ouvirem. Essa tática eu conheço", recorda o
atual treinador corintiano.
A derrota do jogo posterior
para os palmeirenses, quando era atleta do Corinthians,
ajudou o treinador a aprender a suportar a pressão.
Depois disso, foi Scolari,
Ivo Wortmann, Oswaldo de
Oliveira e Vadão que o ajudaram com estágios a forjar seu
perfil como técnico.
Vista nos primeiros dias
corintianos, a calma pode
durar até crescer a pressão da
imprensa. Desentendeu-se
com jornalistas em Minas Gerais, no Cruzeiro, e no Rio
Grande do Sul, no Grêmio.
Pressionado, foi impetuoso a ponto de dar um carrinho na placa para festejar
gol cruzeirense no final do
ano passado como desabafo.
No Corinthians, a cara
tranquila é fruto de boa ambientação. "Estou dando um
treino, peço um lanche, vou
até a sala para assistir a um
jogo. Vejo os prós e contras
de cada jogador. A aceitação
foi muito boa", observa.
Mas diz que de nada
adianta ter identificação
com o clube se "não souber
dar treino". Por isso, se prende, de novo, aos detalhes.
Cronômetro no pescoço,
marca o tempo da entrevista
coletiva.
(RODRIGO MATTOS)
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