São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2010

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Simplesmente Adilson

Técnico trabalha com treinos complexos, é detalhista e gosta de jogos psicológicos, mas humor varia com a pressão no clube

DE SÃO PAULO

Jorge Henrique se prepara para cobrar um pênalti. É treino corintiano. Ao seu lado, o técnico Adilson Batista lhe dá instruções da melhor forma de bater. Apita e comenta o desempenho. Só vai escolher o batedor após outros chutarem a gol.
O novo treinador corintiano é detalhista. A tal ponto que é capaz de inventar treinamentos ou tramas psicológicas complexas.
Sua prática de dois toques não pode ter simplesmente dois times em disputa pela bola. Há cinco golzinhos espalhados na parte do campo usada com esse objetivo.
"Já tinha feito com o [o técnico] Galo. Ajuda a compactar o time e obriga o time a dar duas ou três opções de passe a quem tem a bola", explica o meia Bruno César.
O exercício de cruzamentos na área não envolve apenas o rotineiro lançamento ao fundo e uma bola alçada na área. Um jogador é posicionado no meio da jogada para fazer um corta-luz.
No campo, Adilson costuma falar baixo e próximo ao jogador. Quem se encarrega dos gritos motivadores é seu auxiliar Ivair Andrade.
Os treinos coletivos, pelo menos às vésperas de jogos decisivos, são escondidos.
Adilson não revela seu time com antecedência, mas não deixa os jornalistas sem pistas. Solta dicas no ar e estimula os repórteres a tentar descobrir suas intenções.
Questionado, diz que "adora" três zagueiros. Deixa escapar nomes de possíveis titulares: Dodô, Danilo, Paulo André... "Não vai ser muito diferente do que vocês viam com o Mano", minimiza.
Acompanha de perto artimanhas do adversário. Tanto que lembra de Luiz Felipe Scolari, seu rival hoje, falando aos palmeirenses antes de jogo da Libertadores, em que pede provocações a Edilson.
"Deixou a janela aberta para vocês ouvirem. Essa tática eu conheço", recorda o atual treinador corintiano.
A derrota do jogo posterior para os palmeirenses, quando era atleta do Corinthians, ajudou o treinador a aprender a suportar a pressão.
Depois disso, foi Scolari, Ivo Wortmann, Oswaldo de Oliveira e Vadão que o ajudaram com estágios a forjar seu perfil como técnico.
Vista nos primeiros dias corintianos, a calma pode durar até crescer a pressão da imprensa. Desentendeu-se com jornalistas em Minas Gerais, no Cruzeiro, e no Rio Grande do Sul, no Grêmio.
Pressionado, foi impetuoso a ponto de dar um carrinho na placa para festejar gol cruzeirense no final do ano passado como desabafo.
No Corinthians, a cara tranquila é fruto de boa ambientação. "Estou dando um treino, peço um lanche, vou até a sala para assistir a um jogo. Vejo os prós e contras de cada jogador. A aceitação foi muito boa", observa.
Mas diz que de nada adianta ter identificação com o clube se "não souber dar treino". Por isso, se prende, de novo, aos detalhes.
Cronômetro no pescoço, marca o tempo da entrevista coletiva. (RODRIGO MATTOS)


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