São Paulo, sábado, 01 de setembro de 2007

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Sem verba, Travessia dos Fortes é cancelada

"O Pan exauriu investidores", explica presidente da CBDA

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um mês após o fim do Pan carioca, que valorizou a maratona aquática a ponto de escalar a prova para abertura dos Jogos, a Travessia dos Fortes, evento mais tradicional da modalidade no Brasil, foi cancelada por falta de patrocinadores.
Para Coaracy Nunes Filho, presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), o cancelamento da prova no Rio, originalmente marcada para 7 de outubro, é uma conseqüência do evento multidesportivo.
"Com o Pan-Americano, as empresas que apóiam o esporte, que investem muito, ao que parece, ficaram exauridas", justificou o dirigente, para quem o fato de o evento não acontecer neste ano "absolutamente não compromete" a divulgação e o desenvolvimento das maratonas aquáticas no Brasil.
Sua opinião, contudo, não é a mesma do estafe de Poliana Okimoto, principal nadadora de longas distâncias do país, vice-campeã dos Jogos do Rio -cuja prova feminina teve a largada antecipada para antes da masculina, justamente pela expectativa de o Brasil ter uma medalha de ouro logo no primeiro evento do Pan.
"Não foi só a Travessia dos Fortes que cancelaram. Várias provas do circuito brasileiro vêm sendo canceladas. Isso nos deixa muito chateados, uma vez que a Poliana treina como profissional, e os dirigentes ainda mostram amadorismo", comentou Ricardo Cintra, marido e técnico da atleta.
Além da tradicional prova, disputada entre os fortes do Leme e de Copacabana, no Rio, e que tinha expectativa de contar um número de inscritos entre 3.000 e 4.000 atletas, os eventos de maratonas aquáticas em Tapes (RS) e Fortaleza (CE) também foram cancelados.
Coaracy, que estima o custo da Travessia dos Fortes em até R$ 800 mil, falou que não há condição de realizar o evento com estrutura e investimento inferiores ao que é tradicionalmente empregado.
"Ou fazemos como sempre, ou não dá. Com menos de 200 barcos de segurança, por exemplo, não dá. É um evento que tem que ser feito com muito cuidado. Depois que a maratona virou esporte olímpico, todo mundo [muitos amadores] quer fazer. Mas, se morre alguém aí, acaba com o esporte."
O dirigente revelou ainda que nem a TV Globo, parceira em outras edições da travessia, conseguiu angariar patrocinadores para este ano.
"Lamentamos muito, mas no ano que vem esperamos retomar o evento, que, apesar de ser disputado em distância mais curta que a oficial, é um grande promotor da natação como esporte e não apenas das maratonas", completou ele.
A Folha tentou contato com Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esportes, na tarde de ontem, mas não conseguiu localizá-lo. O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) também foi procurado para comentar o cancelamento da travessia, mas a assessoria de imprensa do órgão disse que não tinha como repercutir o caso ontem.

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