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Sem verba, Travessia dos Fortes é cancelada
"O Pan exauriu investidores", explica presidente da CBDA
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um mês após o fim do Pan
carioca, que valorizou a maratona aquática a ponto de escalar a prova para abertura dos
Jogos, a Travessia dos Fortes,
evento mais tradicional da modalidade no Brasil, foi cancelada por falta de patrocinadores.
Para Coaracy Nunes Filho,
presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos
Aquáticos), o cancelamento da
prova no Rio, originalmente
marcada para 7 de outubro, é
uma conseqüência do evento
multidesportivo.
"Com o Pan-Americano, as
empresas que apóiam o esporte, que investem muito, ao que
parece, ficaram exauridas", justificou o dirigente, para quem o
fato de o evento não acontecer
neste ano "absolutamente não
compromete" a divulgação e o
desenvolvimento das maratonas aquáticas no Brasil.
Sua opinião, contudo, não é a
mesma do estafe de Poliana
Okimoto, principal nadadora
de longas distâncias do país, vice-campeã dos Jogos do Rio
-cuja prova feminina teve a
largada antecipada para antes
da masculina, justamente pela
expectativa de o Brasil ter uma
medalha de ouro logo no primeiro evento do Pan.
"Não foi só a Travessia dos
Fortes que cancelaram. Várias
provas do circuito brasileiro
vêm sendo canceladas. Isso nos
deixa muito chateados, uma
vez que a Poliana treina como
profissional, e os dirigentes
ainda mostram amadorismo",
comentou Ricardo Cintra, marido e técnico da atleta.
Além da tradicional prova,
disputada entre os fortes do Leme e de Copacabana, no Rio, e
que tinha expectativa de contar
um número de inscritos entre
3.000 e 4.000 atletas, os eventos de maratonas aquáticas em
Tapes (RS) e Fortaleza (CE)
também foram cancelados.
Coaracy, que estima o custo
da Travessia dos Fortes em até
R$ 800 mil, falou que não há
condição de realizar o evento
com estrutura e investimento
inferiores ao que é tradicionalmente empregado.
"Ou fazemos como sempre,
ou não dá. Com menos de 200
barcos de segurança, por exemplo, não dá. É um evento que
tem que ser feito com muito
cuidado. Depois que a maratona virou esporte olímpico, todo
mundo [muitos amadores]
quer fazer. Mas, se morre alguém aí, acaba com o esporte."
O dirigente revelou ainda
que nem a TV Globo, parceira
em outras edições da travessia,
conseguiu angariar patrocinadores para este ano.
"Lamentamos muito, mas no
ano que vem esperamos retomar o evento, que, apesar de ser
disputado em distância mais
curta que a oficial, é um grande
promotor da natação como esporte e não apenas das maratonas", completou ele.
A Folha tentou contato com
Marcelo Campos Pinto, diretor
da Globo Esportes, na tarde de
ontem, mas não conseguiu localizá-lo. O COB (Comitê
Olímpico Brasileiro) também
foi procurado para comentar o
cancelamento da travessia,
mas a assessoria de imprensa
do órgão disse que não tinha
como repercutir o caso ontem.
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